Argentina cede a pressões e libera carga brasileira retida na fronteira

Medida indica avanço diplomático entre os dois paísesPressionado interna e externamente, o governo da presidente Cristina Kirchner começou a ceder. Seis caminhões provenientes do Brasil, carregados com milho em lata, frango e produtos elaborados com carne suína, foram liberados nesse domingo, dia 16, na alfândega de Paso de los Libres, na fronteira com Uruguaiana.

Três caminhões são da Oderich, indústria de conservas. A carga, embarcada na última segunda-feira, não havia conseguido ingressar no mercado argentino porque a aduana não recebeu o certificado de livre circulação, exigido pelo Instituto Nacional de Alimentos (Inal) ? órgão do governo argentino subordinado à Secretaria de Comércio Interior chefiada por Guillermo Moreno.

Na semana passada, o secretário decidiu restringir a entrada de alimentos industrializados importados que façam concorrência com similares argentinos. A medida não foi oficializada pelo governo local.

O diretor comercial da Oderich, Marcos Oderich, afirmou que a liberação pode significar a retomada das vendas ao país vizinho.

? Tomara que o comércio comece a fluir agora, pois ainda temos 101 carretas para carregar que já foram encomendadas pelos nossos clientes ? disse o empresário.

Além de constituir um sinal de apaziguamento com o Brasil, a liberação também pretende acalmar a tensão crescente com a União Europeia (UE). Na quinta-feira, a delegação da UE em Buenos Aires emitiu um protesto enfático contra a ordem verbal de Moreno.

A oposição também entrou em ação e exigiu que o secretário compareça ao Parlamento para ser interpelado de forma “urgente”. O pedido foi feito pela deputada Patrícia Bullrich, da Coalizão Cívica. O presidente da União Cívica Radical (UCR), Eduardo Sanz, criticou a medida afirmando que os produtos “sequer fazem concorrência com a indústria local”.