Atraso na semeadura de algodão nos EUA beneficia contratos futuros no Brasil

Principal produtor mundial, o Estado do Texas apresenta atraso acima da média para este período da safraDe acordo com o último relatório de semeadura de algodão do USDA, divulgado no último dia 27 de abril, apenas 10% da área total estimada em 3,86 milhões de hectares destinados ao algodão nos EUA na safra de 2015/2016 já havia recebido as sementes, atraso 6% ante a média dos últimos cinco anos. 

Fonte: Keyle Menezes/Embrapa

Esse atraso pode ter sua responsabilidade diluída a vários Estados, entretanto, um em especial é o maior culpado, o Texas. Com apenas 9% de semeadura concluída, o maior produtor dos Estados Unidos, responsável por 30% da produção mundial, já deveria possuir sementes na terra em 17% de sua área total para não registrar atraso na sua média dos últimos cinco anos.

As baixas temperaturas são responsáveis pela demora no cultivo do algodão. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) essa situação oferece oportunidades de mercado. O cenário atípico dos norte-americanos foi um importante influenciador para que os contratos futuros registrassem valorização na semana, melhorando as possibilidades de hedges.

Cotações

Depois de consecutivas semanas de elevação, o algodão mato-grossense registrou queda semanal de 0,59%, e fechou a R$ 66,78/@. Com o quadro de atraso na semeadura nos EUA, aliado às boas exportações deste país, o contrato com entrega em dezembro de 2015 elevou 2,95% na média semanal, e fechou a US$ 66,17/lp.

A paridade de exportação para dezembro de 2015 subiu 0,78% na semana, e fechou a R$ 65,96/@, impulsionada pela elevação do seu contrato futuro correspondente.

Cultivo em Mato Grosso

A semeadura do algodão encerrou em Mato Grosso há pouco menos de dois meses, e o período de colheita vem se aproximando. Até o momento, as lavouras do Estado têm demonstrado bom crescimento, com regime pluviométrico favorável à cultura, e a incidência de pragas dentro do controle.

Em relação ao desenvolvimento da cultura, atualmente 4% das lavouras mato-grossenses se encontram em estágio de maturação da fibra, em que os capulhos começam a abrir. Por outro lado, 96% dos 552,4 mil hectares semeados no Estado se encontram no estágio reprodutivo, o mais crítico da cultura, pois neste período, a capacidade produtiva do algodão é definida.

Segundo o Imea, a expectativa de produtividade de Mato Grosso é de 264,4@/ha, mas ainda pode subir. Com as expectativas climáticas para os próximos dias positivas para a cultura, aliadas ao manejo correto deste algodão, tal elevação na produtividade pode se confirmar, podendo aumentar a produção, e impactar o mercado.

Edição: Rikardy Tooge