? O Brasil mudou de status e a influência, hoje, é maior do que a participação em cotas que o Brasil tem. Essa é uma nova correlação de forças que se estabelece e que reconhece os emergentes como protagonistas ? disse durante entrevista coletiva para avaliar o resultado do encontro.
Até 2008, quando houve a primeira reformulação no FMI, o Brasil detinha 1,38% das cotas. O percentual passou para 1,78% naquele ano e, agora, subiu para 2,32%. A participação dos quatro principais países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China ? grupo conhecido como Bric) subiu em 6,4 pontos percentuais e passou para 14,18%, mas ainda não atingiu os 15% necessários para exercer poder de veto nas votações do FMI.
Além da redistribuição de cotas, o acordo estabelece que os países europeus comprometem-se a ceder duas cadeiras para países do Bric no Comitê de Governadores do FMI, formado por 24 diretores que decidem, com igualdade, questões fundamentais do fundo.
? Nos governos anteriores, o Brasil era subordinado ao fundo e, hoje, não é mais ? disse Mantega.
Com o acordo, os dez países com maiores cotas no fundo são os Estados Unidos e o Japão, além de quatro da União Europeia (Reino Unido, França, Itália e Alemanha) e os países do Bric. Individualmente, o Brasil passou a ser o décimo país com maior participação no fundo. Antes de 2008, o país ocupava o 18º lugar e tinha atingido a 14ª posição após a primeira reformulação.
Na avaliação do ministro, um novo FMI foi criado e, agora, o organismo internacional deixa de ser um simples monitorador dos emergentes e passa a ser representado de fato por esse conjunto de países.
? O Brasil teve desempenho especial nessa reforma ? afirmou.
Pelo acordo, em 2014 haverá uma nova redistribuição das cotas. A fórmula será alterada para dar peso maior ao Produto Interno Bruto (PIB) na definição da participação de cada país.
? Como o Brasil continuará crescendo nos próximos anos, o país vai se reposicionar novamente e ter as cotas aumentadas na nova reforma ? previu.
Apesar de o Brasil ter conquistado maior participação no FMI, o ministro da Fazenda destacou que o país não terá de fazer aportes significativos. Isso porque, no início do ano, o governo brasileiro depositou US$ 10 bilhões numa linha especial do fundo chamada NAB e esse aporte será convertido em cotas.
O ministro afirmou não ter ido à reunião por causa das medidas cambiais tomadas na semana passada, quando o governo aumentou de 4% para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado de aplicações financeiras de estrangeiros fora da bolsa de valores e reajustou, também para 6%, o imposto no depósito de margem que os investidores que aplicam em derivativos são obrigados a fazer.