Os 30 anos na bolsa foram comemorados com a abertura simbólica do pregão. O presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, e o diretor financeiro da empresa, Leopoldo Saboya, acionaram a campainha que marca o início das negociações. Em apresentação para acionistas e analistas de mercado, eles comentaram os resultados da companhia no terceiro trimestre de 2010. A Brasil Foods teve lucro líquido de quase R$ 190 milhões no período – 10% a menos que no terceiro trimestre de 2009. Em compensação, o retorno com as operações da empresa mais que dobrou (111% de alta) – a receita operacional ficou em R$ 614 milhões.
? O mercado internacional vai continuar demandando nosso produto, vai continuar demandando proteína. A demanda continua forte, principalmente, nos emergentes, como Oriente Médio e Ásia. A possibilidade de abrir novos mercados é cada vez mais importante ? afirmou Fay.
Apesar de todo esse otimismo, os executivos conhecem os desafios que têm pela frente, como a queda no valor do dólar e a alta no preço dos grãos utilizados na fabricação de insumos. Tudo isso tem sido observado com cautela. Segundo os executivos da Brasil Foods, câmbio e commodities não chegaram a afetar o balanço da empresa no terceiro trimestre. Os reflexos da volatilidade nos mercados devem começar a aparecer agora, nos últimos três meses do ano. Para neutraliza-los, a companhia se prepara para ajustar os preços dos produtos, que devem ficar de 10% a 15% mais caros em dólar no mercado externo.
? Temos condições, hoje, de neutralizar esses efeitos cambiais pela estratégia de final de ano para o ano que vem ? confirma Leopoldo Saboya.
É com essa estratégia que a maior exportadora de aves do mundo pretende se manter na liderança. A Brasil Foods também se apoia na estrutura da cadeia produtiva que a empresa considera bem estruturada.
Para as vendas de final do ano, o presidente da companhia não quis citar porcentuais de expansão de vendas.
? Vai ser um bom Natal, melhor que 2008. Espero que as pessoas tenham comprado todas as TVs possíveis e passem agora a gastar mais com a ceia de Natal ? brincou Fay.
Durante a coletiva, José Antonio Fay afirmou também que a aprovação da fusão Sadia e Perdigão pelo Cade deve ocorrer no ano que vem.
? A autorização para a fusão em 2011 é questão de necessidade. Entendemos que o processo é complexo, mas o anúncio (da fusão) já vai fazer dois anos, o tempo que passou é mais que suficiente para analisar todas as complexidades da fusão ? disse, ressaltando que a demora do Cade atrapalha, mas não paralisa as operações das companhias.
Fay contou que a empresa continua avançando seu processo de integração.
? Estamos trabalhando na unificação dos dois sistemas de tecnologia da informação e preparando também a integração do sistema de faturamento. Não acredito em fusão sem isso ? explicou.
? Temos trabalhado também no mapeamento das sinergias, cujo ‘guidance’ para o ano, de R$ 100 milhões, estamos reafirmando. Mas também teremos R$ 100 milhões em despesas, o que deverá compensar um ao outro ? declarou.
A meta de sinergias de R$ 500 milhões anuais, a serem capturadas integralmente a partir de 2012, também foi reafirmada pelo executivo.
? Essa captura integral também nos dará uma ampliação de 1,5 ponto porcentual em margem Ebitda.
O diretor financeiro, Leopoldo Saboya, afirmou que a previsão de crescimento de 10% nas vendas, em volume, de produtos processados e elaborados no país não deverá ser atingida e deverá ficar um pouco abaixo do esperado. Entretanto, a meta de expansão de 3% a 5% nas exportações, em volume, no ano deverá ser superada.
? A meta de crescimento de processados no mercado interno dependerá muito do final do ano, mas acredito que deverá ficar um pouco abaixo dos 10% que projetamos. Já a meta de volume de vendas do mercado externo deverá ser superior, pela recuperação da demanda, principalmente dos mercados emergentes ? explicou o executivo.
? Mas isso é normal. Nós projetamos algo no começo do ano e no decorrer sempre pode acontecer alguma coisa, mas sempre há o equilíbrio. Mas o que importa é que em termos de rentabilidade estamos recuperando e voltando a ser a BRF que sempre fomos ? completou.
Para 2011, o executivo preferiu não fazer projeções de vendas. Entretanto, o presidente da companhia, Jose Antonio do Prado Fay, citou que, em investimentos, a cifra para o ano que vem pode ser a mesma a ser atingida em 2010: R$ 1 bilhão.
? Isso se não houver fusão, porque se houver teremos que sentar e discutir o valor. Também precisamos ainda detectar melhor as oportunidades de crescimento. Mas temos consciência de que é necessário fazer um bom investimento em 2011 para garantir o crescimento de 2013 ? declarou.