Em Mato Grosso, o alto custo de produção do algodão e os problemas climáticos ameaçam o cultivo do algodão. Produtores que fizeram a semeadura na primeira safra enfrentaram problemas com a seca. Já quem pretende fazer a segunda safra corre o risco de perder a janela de plantio por causa do excesso de chuva. Além do clima, outro problema da cultura nesta temporada é o custo, que chega a R$ 8 mil por hectare e é apontado como o mais alto da história.
O produtor Carlos Alberto Schneider vai cultivar a pluma em 830 hectares, um aumento de 10% em relação à temporada passada. A estratégia de plantio mantém a proporção de sempre: cultivar 600 hectares de algodão na primeira safra e 230 hectares na segunda.
O objetivo do agricultor é se dividir os riscos, não arriscando tudo na safrinha. Segundo ele, isso vai lhe proporcionar um período de 180 dias para trabalhar todas as etapas da cultura. “Se fosse apenas na safrinha, esse período seria reduzido para 150 dias, e qualquer coisa que desse errado poderia comprometer a lavoura”, diz Schneider.
O produtor foi surpreendido pelo clima. O início do plantio de primeira safra foi complicado, e agora o excesso de chuva que atrasa a colheita de soja também pode atrapalhar a janela ideal para semear a segunda safra da pluma.
Schneider afirma que o clima está bastante atípico, e que há risco de muito chuva de janeiro em diante. “A tendência é ser mais seco, mas, se não for, realmente vai haver complicações”.
O mesmo problema é enfrentado por Silvino Alcides Bortollini, que quer cultivar 600 ha de algodão na safrinha. Mas os planos estão adiados enquanto ele aguarda o tempo firmar para colher a soja.
Ele afirma que só terá até entre 25 e 28 de janeiro para fazer a semeadura. “Se plantarmos esse algodão fora da janela, começa a haver risco de falatar chuvas no final. Com isso, teremos que diminuir a área de algodão e plantar uma outra cultura que possa ser cultivada em fevereiro”, diz o produtor.
“Não dá para arriscar: o custo de algodão é três vezes o custo de soja”, afirma Bortollini.
Também com dificuldades para colher a soja, Giovani Fritsch tem aproveitado as brechas de sol para levar a colheitadeira ao campo. À medida que colhe, vai plantando o algodão. O produtor, entretanto, não está otimista com relação à produção da pluma.
Diante de custos mais altos, Fritsch decidiu reduzir a área nesta temporada. Ele se queixa do valor de insumos, principalmente as sementes. “Nada justifica um saco de semente de algodão de 15-20 quilos custar R$ 2 mil”, afirma ele, que calcula que os custos de produção aumentaram em cerca de 20%.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que o custo de produção de algodão no estado chega a R$ 8 mil por hectare. O valor já é considerado o maior da história de Mato Grosso.
Nos últimos três anos, segundo Carlos Alberto Schneider, a cultura tem se pagado. Neste ano, ele espera que haja um aumento de preço da fibra em função do alto volume de algodão que foi comercializado para aproveitar a alta do dólar. “A gente acha que vai faltar algodão no mercado interno para suprir a demanda”, diz.