Em entrevista, Beauclair disse que a produção de etanol não consegue atender ao mercado e que investimentos no setor, mesmo se forem feitos e ampliados imediatamente, só começarão a dar retorno em, no mínimo, três anos.
? Infelizmente, não há solução a curto prazo. Não se soluciona essa situação em menos de um ano. A normalização (do abastecimento do mercado), se medidas forem tomadas imediatamente, viria a ocorrer nos próximos três ou quatro anos.
Possivelmente, nas Olimpíadas (de 2016, no Rio de Janeiro) estaríamos com uma situação melhor. Mas até a Copa do Mundo de 2014 nós vamos ter esse problema ? disse o professor. Ele ressaltou que a necessidade é de “investimentos pesados” para que, no prazo mínimo de quatro anos, o Brasil possa exportar etanol.
Para este ano, a estimativa do professor é que volte a faltar combustível.
? O etanol poderia estar agora com maior pressão de oferta, já que estamos em plena safra. No entanto, isso não está acontecendo. Já está havendo estocagem do produto para a entressafra. Esses preços devem se manter durante o ano inteiro. Não vai voltar mais a R$1,10 (por litro) ou R$ 1,20 justamente para inibir um pouco essa demanda e permitir que haja estocagem. Mas, ainda assim, nas minhas contas, vai faltar cana e, faltando cana, vai faltar etanol ? observou.
A solução para o setor, de acordo com o acadêmico, passa pela ampliação dos investimentos no setor sucroalcooleiro e por uma política pública energética para atrair o investidor.
? Se o desejo é que a oferta aumente, é preciso criar condições para que as pessoas que têm capital se decidam a colocar esse dinheiro no setor de produção ? explicou.
A estimativa da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) é que a produção de açúcar deve atingir 32,38 milhões de toneladas na safra atual (2011/2012), queda de 3,35% em comparação à safra passada. A produção de etanol deve atingir 22,54 bilhões de litros, queda de 11,19% sobre os 25,38 bilhões de litros destilados na safra anterior.