? Muito complicada para os hedgers, porque os fundos, manipulando o mercado, em mais de 50% do total, derrubaram o mercado e criaram muita dificuldade. O agricultor fica sem saber para que lado ir, o que fazer; onde os fundamentos do mercado não acontecem, não existem mais, os estoques reguladores sendo baixos, o consumo sendo alto, o agricultor não tem uma definição de preço ? afirma o agricultor Fernando Sella.
Para alguém como Sella, a dor de cabeça é ainda maior. Produtor de soja, milho e cana-de-açúcar, o agricultor também é pecuarista e especulador. Investe no mercado de café e tem acompanhando a agitação no setor financeiro que afeta diretamente outros indicadores importantes para o agronegócio.
? Nós estamos com um mercado onde o petróleo é o fundamentalista, nós estamos amarrados ao petróleo, o petróleo sobe, a commodity sobe, e, por outra mão, a gente tem o dólar caindo, enfraquecendo e as commodities ganham força e nós temos as duas mãos.
Mas há quem vem veja pelo lado bom. O gerente comercial da Milênia Agrociências, Miguel Abrão, acredita que o momento de instabilidade é ideal para fixar preços.
? Importante porque essa movimentação de mercado, principalmente pela ação de fundos, e pela própria redução dos estoques mundiais que provocaram essas altas grandes, aumento de demanda, permitem momentos importantes para o produtor poder travar, quando os preços sobem eles travam o seu custo de produção.
Para as exportações brasileiras, a crise também pode ter seu lado positivo, pois, com a desaceleração da economia de países emergentes, como a China, a demanda externa tende a se estabilizar e os preços das commodities também. É o que afirma o economista Guilherme Dias. Segundo ele, a crise deixa o setor mais previsível e menos especulativo.
? Cai no que é previsível, dá para programar, os trader, porque antes era, e aquilo alimentava um processo especulativo ? afirma.
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais concorda e explica que a valorização do dólar com a saida dos investidores da bolsa colabora com questões de logística.
? Com o dólar valorizado, você não só está recebendo melhor uma remuneração para o produtor brasileiro ? afirma o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.