A relação média entre estoques e consumo mundial nos 25 anos antes de a China iniciar sua política de estocagem era de 47% e, atualmente, os estoques projetados para o final da safra 2014/2015 já representam 87% do consumo, pesando imensamente nos preços. As informações são do último boletim de algodão do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Mesmo com sinalização de menor produção e crescente consumo nos próximos anos, ambos devido aos baixos preços, ainda levarão algumas safras para que os estoques se regulem no mundo, retomando o equilíbrio dos preços. O mercado internacional opera na expectativa das decisões da China sobre a sua política de estocagem e sobre subsídios aos produtores da Índia.
Mercado
O Imea aponta que o mercado da pluma de algodão operou perto da estabilidade na semana passada, avançando apenas 0,1% e fechando cotada a R$ 50,65 a arroba. Puxada pela queda no dólar e pela desvalorização do contrato na NYBOT, a paridade dezembro/2015 caiu 4,6% e fechou a semana cotada a R$ 53,89/@. Com um pacote de estímulos anunciado pelo BCE e medidas que resgataram parte da confiança do investidor na economia brasileira, o dólar se desvalorizou frente ao real 1,8% e fechou cotado em média a R$ 2,62. Com valorização de 9,6% em relação à última semana, o caroço de algodão fechou cotado a R$ 446,77/@. A resistência dos produtores em negociar é um dos principais motivos para essa forte alta.
O atual enfraquecimento do preço do petróleo deixa em alerta as commodities agrícolas. Uma ameaça à pluma seria a desvalorização das fibras sintéticas, que levam o petróleo como principal insumo, e poderiam reduzir custos das indústrias que diminuíssem a participação da fibra natural ante a sintética.
Entretanto, as desvalorizações do poliéster ocorreram em sincronia com as do algodão. Nos últimos cinco meses, a diferença entre as fibras se manteve perto dos cents de US$ 20,00/lp, com leve aumento em dezembro, após queda pouco mais acentuada do poliéster, mas ainda sem força para que o algodão perdesse participação.
Além disso, o custo mundial com energia está baixo, e a expectativa é de que assim permaneça, o que incentiva o consumo das industrias. Assim, o baixo custo da energia, aliado ao baixo preço da pluma aquece a demanda mundial. Tanto que o consumo estimado na safra atual é 3,9% superior ao da passada, e 1,1% inferior ao estimado na safra 2015/2016.