Para o consumidor de Florianópolis, o litro do leite longa vida custa, em média, R$ 2, segundo o Dieese, que calcula os valores da cesta básica. O valor de abril representa alta de 2,04% em relação ao mesmo mês de 2010.
O crescimento nos custos pressionou os preços para o consumidor. Mas a tendência é de baixa, acredita Zefiro Giassi, presidente da rede Giassi de Supermercados, segunda maior do Estado. Ele explica que, na semana passada, conseguiu fechar negócios com preços mais baixos junto aos fornecedores.
A expectativa para a os próximos sete dias é de novas concessões da indústria leiteira. Mas Zefiro diz que não é possível antecipar de quanto seria o alívio. Ele justifica que o setor é bastante imprevisível e os valores dos produtos variam diariamente. Lembra ainda que a situação já esteve pior. Dados do Cepea mostram que em março houve reajuste de 0,7% na compra da matéria-prima dos produtores.
O presidente da Associação Catarinense dos Criadores Bovinos (ACCB), Celso Munaretto, cita uma série de fatores para o aumento do leite. O primeiro é o crescimento do consumo. Ele também ressalta que estamos em uma época de entressafra das pastagens.
Munaretto explica que as pastagens de verão acabaram e as de inverno não cresceram o suficiente. A plantação começou em meados de abril e ficará no ponto somente em junho. A entressafra deve durar até setembro ou outubro, dependendo da situação climática.
Outra razão é a recuperação da economia mundial. Durante a crise de 2008 e 2009, muitos países deixaram de comprar e hoje estão investindo em leite em pó para refazer seus estoques. O movimento está retirando matéria-prima para derivados de leite. A menor oferta significa aumento nos preços.
O mercado internacional também influenciou no último motivo elencado pelo presidente da ACCB, o aumento do preço dos insumos para ração a partir de março. De acordo com Munaretto, o farelo de soja foi o primeiro a subir e o milho acompanhou.
O presidente da rede Giassi lembra outro fator. A disputa de produtores brasileiros para limitar a importação de leite dos concorrentes do Uruguai e Argentina. A briga começou porque os dois países reclamam do saldo da balança comercial com o Brasil, principalmente pela venda da indústria nacional de linha branca. Eles pediram a compra de leite como compensação. Os produtores locais reagiram e pedem a limitação para três mil toneladas por mês. A possibilidade de diminuir a oferta foi o suficiente para aquecer o mercado.