Antes mesmo da crise econômica se instalar no país, o setor rural brasileiro já alertava o governo de que abril seria um mês crítico para o campo. Sem recursos para a comercialização dos produtos, as agroindústrias acabaram tendo o índice de inadimplência aumentado e muitos produtores ainda não receberam pelas vendas.
Correndo contra o tempo, o governo criou uma linha de crédito, no valor total de R$ 12,6 bilhões para capital de giro das indústrias agropecuárias e cooperativas. Para representantes do cooperativismo, as medidas, que beneficiam principalmente frigoríficos, devem dar liquidez ao setor, isso se os recursos não esbarrarem na burocracia dos bancos.
? É muito difícil saber se serão suficientes, porque é muito difícil prevermos a profundidade, a duração desse processo de crise, mas acreditamos que, no momento, se esses recursos fluírem, chegarem à mão das agroindústrias, das cooperativas e, em síntese, dos agricultores que estão sendo prejudicados por esse processo, realmente eles atenderiam às necessidades. Só esperamos que eles tenham rapidez, agilidade e aconteça o que não tem acontecido ? diz o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes.
O governo considerou adequada a taxa de juros, fixada em 11,25% ao ano, para agroindústrias. Em tempos de crise, a área econômica só aceita negociar corte de juros do crédito agrícola no próximo Plano Safra.
? A taxa de juros ideal é sempre uma taxa mais baixa, principalmente num momento de crise e endividamento elevado das empresas do setor ? diz a assessora técnica da CNA, Rosemeire dos Santos.
A CNA também considerou positiva a decisão do governo de prorrogar, para 30 de junho, os prazos para os produtores quitarem as parcelas renegociadas da dívida.