O fenômeno dos solos supressivos à doenças é conhecido há muito tempo. Existem, por exemplo, nos Estados Unidos e na Austrália, solos ótimos para a produção de trigo, pois oferecem um ambiente hostil às bactérias e fungos que causam danos à lavoura. Na França, também há solos supressivos ideais para o tabaco e para o tomate.
Mas, até agora, cientistas não tinham uma ideia clara dos mecanismos biológicos responsáveis pela ação protetora desses solos. Só se sabia o princípio geral: milhares de microrganismos benéficos presentes na terra estariam envolvidos na prevenção das infecções.
Os cientistas recorreram à metagenômica – técnica que sequencia coletivamente todo o DNA dos microrganismos presentes em um determinado ambiente. Analisaram um solo holandês, ótimo para plantar beterrabas, pois suprime o desenvolvimento do fungo Rhizoctonia solani, uma praga importante.
Descobriram assim os principais gêneros de microrganismos e os principais genes relacionados à ação antibiótica do solo.
No Brasil, ainda não há estudos semelhantes, mas Rodrigo Mendes, da Embrapa Meio Ambiente, principal autor do trabalho, afirma que pretende realizar no país pesquisas com metagenômica para desvendar as interações entre plantas, solos e microrganismos.
Com o conhecimento obtido, será possível desenvolver plantas transgênicas mais aptas para recrutar bactérias benéficas. Além disso, a pesquisa pode levar à descoberta de moléculas que atuariam como promissores antibióticos para as plantas.