Pesquisadores destacam necessidade de produção sustentável no Cerrado

Representante da Embrapa em audiência da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas, Balbino Antônio Evangelista, defende monitoramento contínuoPesquisadores da área de meio ambiente reafirmaram, nesta quarta, dia 8, a importância de uma produção sustentável no bioma Cerrado. A constatação foi feita durante audiência pública, promovida pela Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas, para debater as ações relativas às mudanças do clima no Cerrado. O representante da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emprapa) e doutor em agrometeorologia, Balbino Antônio Evangelista, disse que o Cerrado ocupa um quarto do território nacional e p

– O desafio da Embrapa é produzir de forma equilibrada minimizando emissão de gases de efeito estufa e aumentando a fertilidade do solo. Meio ambiente, economia e sustentabilidade devem estar sempre em equilíbrio – afirmou.

Ele alertou ainda para os impactos que a mudança climática, com aumento da temperatura média global, pode causar ao Brasil. Entre eles, a intensificação das chuvas, o aumento do nível do mar, a substituição gradual da vegetação da floresta Amazônica e o aumento da aridez no Nordeste.

Monitoramento do estoque de carbono

Entre os estudos feitos pela Embrapa em busca do desenvolvimento sustentável da região, o pesquisador destacou os que tratam do monitoramento do estoque de carbono no solo do Cerrado e da identificação das características das plantas mais resistentes à seca visando transferir mecanismos delas para outras espécies. Ele destacou a importância do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, o Plano ABC, que tem como objetivo incentivar processos tecnológicos que neutralizam ou minimizam os efeitos dos gases de efeito estufa no campo. O programa prevê ações de recuperação de pastos degradados, tratamento de resíduos animais e fixação do nitrogênio no solo, o que, de acordo com Evangelista, reduz o custo de produção e melhora a fertilidade do solo.

Queimadas e incêndios florestais

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Brandão Cavalcanti, afirmou que as queimadas e incêndios florestais no Cerrado baixam a fertilidade do solo e devem ser controlados. Ele explicou que a maioria dos incêndios é resultado de processos involuntários.

– Os focos concentram-se nos meses secos e a pior queimada ocorre na véspera da primeira chuva – disse.

Ele apontou a existência do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado, o PP Cerrado, que conta com a participação de 16 ministérios. Cavalcanti disse também que o plano estabelece a redução de emissões, favorece a agricultura consolidada e a conservação. Conforme o pesquisador, as queimadas no Cerrado emitem 232 milhões de toneladas de CO² por ano, efeito que pode ser equiparado às queimadas da Amazônia.

– Os resultados esperados são esses: promover a redução da taxa de desmatamentos e queimadas e ajudar nos compromissos que o Brasil assumiu nacionalmente de diminuir as emissões em 40% até 2020 – explicou.