Desde 1973 cultivando trigo, o agricultor João Nelson Barbosa, 60 anos, de Não-Me-Toque (RS), projeta aumento na sua área de plantio de 50 para 60 hectares. Esta expansão de 20% deve-se ao aumento pela demanda do trigo no mercado internacional.
? Aposto 100% na exportação, pois podemos praticar preços superiores ao mercado interno? revela.
As cotações do trigo no mercado internacional subiram 60%, mas no mercado interno tiveram reajuste de 15%. A Argentina está com pouca disponibilidade de trigo para exportação, o que contribui para um aumento dos preços do grão no Estado. Em relação às cotações de um ano atrás, o produto do Rio Grande do Sul encontra-se 12% mais caro. Porém, mesmo com esses dados positivos, o presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) e da Associação Brasileira (Abrasem), Narciso Barison Neto, é cauteloso.
? Nos últimos anos, houve uma alternância no aumento e redução na área de plantio, que gira em torno de 150 mil hectares. Ainda não temos dados técnicos que indiquem mudanças nesse processo. Com a redução na área do cultivo de trigo, os paranaenses terão maior oferta de sementes para o Rio Grande do Sul, com preços bem atrativos, que devem variar de R$ 0,80 a R$ 1,20 o quilo. Isso, aliado à capitalização do agricultor gaúcho, pode colaborar para este crescimento ? explica.
O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo/RS), Gérson Pretto, destaca a liquidez do trigo no Estado como o principal fator para a projeção de aumento do plantio.
? O trigo foi muito valorizado. Em 2010 o produtor obteve um dos melhores resultados dos últimos anos. Teve poucas perdas, alto rendimento e preços acima da média. O Rio Grande do Sul não teve concorrência no Mercosul. Em contrapartida, o Paraná teve o trigo represado dentro do Estado e a concorrência do Paraguai, além de ter a opção do plantio do milho safrinha, com melhores preços ? afirma.
Embora não dependa diretamente do cultivo de trigo, a indústria local deverá acompanhar este crescimento. De acordo com o diretor-presidente da Moinhos Galópolis, de Caxias do Sul, Cláudio Luiz Furlan, se a próxima safra tiver aumento na produtividade, é provável que haja um crescimento na produção.
O consultor da Safras e Mercado, Élcio Bento, destaca que no Brasil, em 10 de maio do ano passado, o preço da tonelada do trigo estava em R$ 395. Já na mesma data neste ano, o valor está em R$ 490.
? O aumento na área para o cultivo no Estado deverá passar dos 850 mil para 980 mil hectares e ultrapassar o Paraná pela primeira vez desde a década de 80, que deve reduzir de 1,150 milhão de hectares para 800 mil ? projeta.