Em muitas fazendas a colheita da soja atrasou alguns dias, o que prejudicou o plantio do algodão. Por isso, quando o sol brilha forte, ninguém quer perder tempo.
Na fazenda onde o gerente de produção Vicente Ramos Filho trabalha no município de Primavera do Leste, região sudeste do Estado, dos 700 hectares destinados ao algodão safrinha, mais de 400 já foram semeados. Apesar de faltar pouco para concluir os trabalhos, foi preciso acelerar o ritmo na lavoura para não correr o risco de plantar fora da época ideal.
Enquanto a equipe de campo está preocupada com o plantio, o gerente comercial da propriedade, Rodrigo Agnolon, está apreensivo com o futuro comercial da safra. Mais da metade da produção colhida no ano passado ainda não foi comercializada e por enquanto não há nenhuma perspectiva de negócios para a pluma que será produzida este ano.
Até agora os produtores comercializaram apenas 48% da produção prevista. Geralmente, nesta época do ano, as vendas já ultrapassam os 60% segundo o Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Além da baixa comercialização, os preços pouco atrativos também levaram alguns agricultores a alterar os planos para a segunda safra. E, ao invés de apostar na produção da pluma, optaram pela segurança de investir em uma outra cultura, que está apresentando maior liquidez.
Foi o caso da família de Evandro Busanello. Os 2,2 mil hectares de soja darão lugar a lavouras de milho safrinha. No ano passado o algodão ocupou mais de 20% desta área e agora o cultivo da pluma não terá espaço.
Apesar da insegurança dos cotonicultores com o futuro da safra, as lavouras de algodão devem registrar um pequeno avanço em Mato Grosso. A previsão é de que a área plantada chegue a 769 mil hectares, 1% a mais que no ciclo passado.