A disputa entre produção e preservação pode encontrar um caminho pacífico. Esta é a avaliação de Silvino Bortolini, que planta 3,8 mil hectares de soja em Jaciara, a 140 quilômetros de Cuiabá (MT). Mas para isso é preciso derrubar alguns obstáculos que, segundo o agricultor, impedem a aproximação entre estes dois pólos. O maior deles é a burocracia para a liberação de licenças ambientais, o que muitas vezes acaba afastando os produtores do desenvolvimento sustentável.
O próprio Bortolini sente os efeitos desta demora. A terra em que planta e mantém uma reserva natural é arrendada porque ele ainda não conseguiu autorização para abrir áreas de cultivo na propriedade que possui, em Nova Maringá, na região do médio norte do Estado. Já são seis anos de espera pela licença, tempo em que – segundo o produtor – a fazenda está parada. O tamanho da área a ser preservada também é outro problema. Atualmente, no cerrado mato-grossense, a exigência é de 35% de preservação. No passado, 20% eram suficientes – uma diferença que desagrada ao agricultor, que torce para que a futura presidente acabe com barreiras como estas.
A situação de Silvino Bortolini retrata a realidade enfrentada por milhares de agricultores que vivem um momento de insegurança por conta da indefinição quanto às exigências ambientais. O que deve ser feito e, principalmente, como fazer sem comprometer a rentabilidade do homem do campo? São perguntas como estas que rondam o setor e aumentam a expectativa quanto ao futuro da atividade, ampliando a responsabilidade do governo Dilma em resolver de uma vez por todas este impasse.
Estas soluções também são aguardadas pela Associação Brasileira dos Proprietários Rurais (ABPR), que reúne associados de 18 Estados do país. O presidente da entidade, Deniz Espedito Serafini, defende mudanças urgentes na legislação ambiental.
Quem produz em um dos principais cartões postais do Estado endossa o pedido por mudanças e vai além. Presidente do Sindicato Rural de Poconé, no pantanal mato-grossense, Caio Silva cobra o desenvolvimento de políticas que beneficiem os pecuaristas que tocam a atividade na região.