Os produtores de algodão vão entregar ao governo federal, nos próximos dias, documento com medidas emergenciais de apoio ao setor. Decisão nesse sentido foi tomada na quinta-feira (15), durante reunião extraordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados (CSAD), do Ministério da Agricultura.
Conforme comunicado da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que preside a câmara setorial, o objetivo é tentar diminuir os efeitos da quebra de safra da soja pelas adversidades climáticas, potencializadas pelo El Niño.
“Embora a soja tenha sido o cultivo mais afetado, seus reflexos sobre o algodão são diretos. Atualmente, 62% da produção brasileira de algodão se dá em áreas de segunda safra, quando o algodão sucede imediatamente a soja”, explicou a Abrapa.
Aos reveses climáticos se soma a queda nos preços de algumas das principais commodities agrícolas brasileiras, que comprometem a remuneração do produtor rural.
Segundo a Abrapa, pelo indicador Esalq/B3, desde o início do ano passado, soja, milho e algodão registraram queda, de, respectivamente, 28%, 24% e 25%.
De acordo com o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, os produtores querem evitar a inadimplência e a consequente falta de acesso ao crédito para financiamento e custeio de suas lavouras.
“As medidas também devem impedir que os impactos da crise cheguem ao consumidor final, não apenas de roupas como de alimentos, pois a soja está na base de diversas outras cadeias produtivas do agro”, disse ele na nota.
No documento, os produtores pedem oferta de uma linha de crédito emergencial que beneficie também o produtor de grande porte. “Do contrário, pode haver inadimplência nos compromissos já contratados. Da mesma forma, precisamos da prorrogação de operações de crédito, com prazo mínimo de um ano e taxas em linha com o mercado, que estão menores do que na época em que alavancamos”, informou Schenkel.
A Câmara também alerta para a importância de dotação orçamentária para a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), para prover alguma estabilidade de renda para o produtor, e isso tornaria efetivas as soluções de subvenção, com os programas de PEP e Pepro.
Outro ponto destacado foi o seguro rural, cuja abrangência tem diminuído, e o modelo, segundo os produtores, precisa ser reavaliado.
“Os recursos têm de ser elevados já para o Plano Safra 2024/2025, para dar conta do que o campo precisa neste momento, mas o seguro tem que ser uma ferramenta que de fato funcione para como um instrumento de política agrícola, e que seja, também, interessante para que as empresas do ramo possam criar produtos e ofertar apólices com este fim”, concluiu o presidente da Abrapa.