Um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que os pecuaristas de leite brasileiros têm recebido em média R$ 0,59 pelo litro do produto. Conforme a associação que representa o setor, o custo atual de produção é de R$ 0,70. A queda na remuneração vem se acumulando desde junho. O presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, explica que o problema começou no início do ano, quando o litro saía do campo por cerca de R$ 0,82.
? O produtor reage a preços, então começou a produzir bastante, chegando aos 16% de aumento de produção, e o consumo caiu em 7%. Essas duas coisas foram fatais e o preço caiu drasticamente.
O maior problema é que essa queda do preço recebido pelo produtor não se refletiu nas prateleiras dos supermercados. Pelo contrário. Um levantamento da Scot Consultoria mostrou que o consumidor pagou mais pelos produtos lácteos no último mês. O leite longa vida, por exemplo, aumentou mais de 7%, passando de R$ 1,57 em outubro para R$ 1,69 o litro em novembro.
O campeão do aumento foi o leite tipo A, que chegou a ser vendido por R$ 2,88 em novembro. A maioria dos derivados também subiu. A ricota, por exemplo, ficou 20% mais cara. Já o iogurte natural teve queda de 5%. Nesse caso, a redução chega a provocar fila nos mercados. Mas é a variação do leite que mais pesa no bolso do consumidor.
O consultor Maurício Nogueira, engenheiro agrônomo da Scot Consultoria, explica que a variação é uma espécie de repasse tardio de preços feito pela indústria. A boa notícia, segundo ele, é que com a alta no preço dos supermercados, a tendência é de que a remuneração do produtor também aumente.
? Neste mês, como já houve uma recuperação do preço do longa vida no varejo e no atacado, aliás pelo segundo mês seguido, a queda de valor já perdeu um pouquinho da força. Isso indica que se essa tendência observada no varejo e na indústria seguir, o produtor já pode começar a ter um aumento no começo de 2009 ? estima Nogueira.