No noroeste de São Paulo, a vacada vai sendo conduzida para mais uma ordenha. O problema que está quebrando a rotina é o prejuízo que os produtores estão tendo, não pelo preço do leite, mas pela falta de pagamento. O laticínio em Votuporanga que pertencia a um grupo de empresários do município foi comprado em 2008 pela Companhia de Alimentos Gloria, e em Setembro do ano passado passou para a Parmalat do Brasil. A partir daí, começaram os problemas.
Os produtores que tinham acima de R$ 5 mil para receber estão há dois meses sem o pagamento. A maioria deles já mudou de laticínio. O presidente do sindicato rural de Votuporanga, José Emílio Menoia, calcula que quatro indústrias na região absorveram a produção de cerca de 60 mil litros por dia. O impacto da falta de pagamento está tirando gente da atividade.
Sebastiao Carmona tem para receber R$ 5,2 mil. Com 50 vacas em lactação, produz 250 litros por dia. Está tentando vender parte do rebanho para equilibrar as contas. Desde que começou a produzir, é a primeira vez que fica sem o pagamento do leite.
O produtor Antonio Carlos Caporalini vive um drama ainda maior. Ele é arrendatário de uma despesa a mais para poder produzir e tem para receber do laticínio R$ 12 mil. Desse valor, tirando as despesas, ele esperava ter um lucro de R$ 2 mil. Agora já está no prejuízo. Vendeu 15 bezerros e vai ter um longo caminho pra se recuperar.
No município de Fernandópolis, Martin Batista de Souza também passou a produção para outro laticínio e fez um bom acordo para não sair da atividade enquanto aguarda o pagamento do leite que entregou em novembro.
A Parmalat do Brasil apenas comunicou que vai pagar, mas não definiu quando. Na próxima quarta, dia 20, vence o pagamento do leite entregue em dezembro. Os produtores da região aguardam mais este prazo na esperança de receber, e só então vão se reunir para definir quais as providências deverão ser tomadas para recuperar o atrasado e evitar novos prejuízos.