O Paraná plantou 1,1 milhão de hectares com trigo, 16% menos do que a safra passada. Porém, a expectativa é de que a produtividade fique 30% acima da registrada em 2009. Em julho de 2009, o Estado sofreu com o excesso de chuvas, que provocou doenças nos trigais paranaenses e grandes perdas. Agora, o Estado deve voltar aos índices históricos de produção. A estimativa da Secretaria de Agricultura é de uma colheita perto de três milhões de toneladas, com material de classificação adequada para a indústria.
O agricultor Antonio Perucci, de Cambé, norte do Estado, fechou o custo da lavoura este ano em 37,5 sacas por hectare. O preço de venda teria que ser pelo menos o mínimo, de R$ 31,80 por saca. Entretanto, com a disposição da Argentina em colocar trigo no mercado, ele não acredita que qualidade e volume de produção possam garantir renda.
? Tem o preço mínimo, mas a política não garante esse preço mínimo. Tinha que ter o preço mínimo garantido pelo governo porque pelo menos por esse preço mínimo você conseguiria vender e aí sim teria um lucro ? defende o produtor rural.
O Brasil deve discutir na próxima semana a proposta da Argentina, do Uruguai e do Paraguai de aumentar a tarifa externa comum (TEC) de 10% para 35% para importações de fornecedores fora do Mercosul. Para o presidente do Sindicato Rural de Londrina (SRL), Narciso Pissinatti, a medida não diminui um possível efeito negativo da importação de trigo, mesmo da vizinha Argentina.
? No ano passado, nós já tomamos prejuízo por causa da safra que foi de muita chuva. A qualidade caiu bastante, mas temos trigo bom, ainda para ser vendido nas cooperativas. E não sabemos se os moinhos estão com estoque suficiente para esperar um trigo de importação e deixar o nosso, mais uma vez. Agora, cabe ao governo essa garantia de ter um preço que remunere realmente o nosso produtor, tanto esse trigo que esta aí, que hoje R$ 24 não paga os seus custos, como também a próxima safra que a gente vai ter agora ? diz Pissinatti.