A receita obtida por exportadores brasileiros foi 18% superior à de 2007, passando para US$ 80,8 milhões. Do total embarcado, 88,5% (ou 99,1 mil toneladas) tiveram como destino a Europa, 5,5% a menos que em igual intervalo da temporada anterior. Ao mesmo tempo, cresceram as vendas para Rússia, Oriente Médio, África e América Central, principalmente no primeiro semestre do ano.
Previsões para 2009
Com a previsão de maiores estoques de maçã no Hemisfério Norte em 2009 e de aumento na produção e nos embarques da Argentina e do Chile, principais concorrentes do Brasil, as exportações brasileiras da fruta podem ser limitadas no próximo ano. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques chilenos, que alcançaram 775 mil toneladas em 2008, podem saltar para 800 mil toneladas em 2009, com a União Européia permanecendo como o principal importador.
No ano passado a produção mundial de maçã teve ligeiro aumento, de cerca de 4%, segundo a Associação Mundial de Maçã e Pêra (Wapa, na sigla em inglês). Tal incremento decorreu principalmente da recuperação da produção dos países da Europa Central e Oriental, afetada por severas geadas em 2007. No segundo semestre, a produção de maçã em toda a Europa totalizou 9,97 milhões de toneladas, volume 14% maior que o do mesmo período da temporada anterior e 4% acima da média dos últimos três anos.
Na Europa Ocidental, a produção da fruta diminuiu 7% em relação à safra anterior, enquanto no leste europeu houve expressiva alta de 104%. Em outros países do Hemisfério Norte, contudo, o volume de maçã produzido reduziu. Na Rússia, a diminuição foi de 6%, na Suíça, de 14% e nos Estados Unidos, de 5%.
A exportação de maçã é um dos poucos segmentos que têm declarado certa imunidade à crise financeira mundial, mesmo tendo a União Européia, que está em desaceleração econômica, como principal comprador da fruta. Boa parte dos representantes de empresas produtoras exportadoras de maçã ouvidos pelo Cepea não acredita que o cenário deva interferir de maneira significativa nas exportações da próxima safra, que começa em fevereiro de 2009.
A justificativa é que a maçã é uma das frutas mais consumidas do mundo, não entrando no rol de frutas exóticas, as quais talvez sintam uma retração maior no consumo. Além disso, devido à crise, boa parte das refeições realizadas fora de casa na Europa está reduzindo, o que é bom para o consumo da maçã, por tratar-se de uma fruta normalmente consumida no domicílio.
Apesar disso, nem todos os fatores estão a favor do Brasil. Se por um lado a crise pode não atrapalhar as vendas externas, por outro há expectativas de aumento da oferta mundial de maçã no próximo ano, que afunila os mercados consumidores e pode prejudicar as vendas brasileiras.
Durante quase todo o ano de 2008, produtores brasileiros de maçã obtiveram cotações maiores que as do ano passado, devido principalmente à menor oferta. Além disso, a qualidade superior da fruta, favorecida pela adequação da quantidade produzida ao nível de armazenamento e a demanda aquecida contribuíram para a rentabilidade positiva.
Para a safra de 2009, o volume colhido deverá permanecer próximo ao deste ano, segundo produtores. O plantio de novas árvores foi limitado pelos maiores custos de produção. Diante do clima chuvoso no segundo semestre nas principais regiões produtoras, especialmente no Estado de Santa Catarina (que responde por metade da produção do país), houve necessidade de maior controle com defensivos por conta do aumento do risco de incidência de fungos nas macieiras. Quanto à qualidade, as condições devem seguir satisfatórias em 2009, contribuindo para a valorização da fruta interna e externa.