O preço do algodão no Brasil deve continuar firme no primeiro semestre de 2016, sustentado pelo real fraco, que favorece as exportações brasileiras em detrimento da venda doméstica, e pelo fato de que boa parte da safra 2014/2015, colhida no ano passado, já foi negociada, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Conforme dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), 47% da produção já foi vendida por produtores.
A safra 2015/2016 está sendo semeada no Brasil, outro fator que pode influenciar o preço interno nos primeiros meses do ano é a baixa disponibilidade da pluma de qualidade superior, de tipos acima do 41.4.
Do lado da demanda interna, indústrias nacionais indicam dificuldade em absorver as altas nos custos de produção de 2015, especialmente de matéria-prima e de energia, e repassá-las aos derivados. “Nesse cenário, e considerando-se as fragilidades econômica e política nacionais, compradores devem estar ainda mais cautelosos nas aquisições neste ano”, apontaram os pesquisadores.
Já para o segundo semestre, o Cepea vê possibilidade de queda nas ofertas brasileira e mundial referentes à safra 2015/2016, quadro que deixa a relação suprimento/demanda mais ajustada e pode dar sustentação às cotações.
Quanto ao câmbio, o Cepea assinalou que a valorização do dólar frente ao real permite que o excedente da produção de pluma brasileira seja exportado a preços mais atrativos, mas também aumenta o custo dos insumos importados.
Segundo levantamento de custos do centro, o montante desembolsado na compra de insumos entre janeiro e novembro de 2015 subiu 22% em Mato Grosso, comparado a igual período de 2014. O custo do cultivo do algodão no principal Estado produtor brasileiro, considerando-se a primeira e a segunda safras, teve média de R$ 7.520,14/ha em 2015 frente aos R$ 6.163,94/ha de 2014.