O desempenho da soja na bolsa americana deve-se à desvalorização da moeda norte-americana em decorrência do anúncio pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) de um plano de compra de títulos do Tesouro, que deverá aumentar o volume de dinheiro em circulação no país. Nessa quarta, o preço do grão chegou a US$ 12,6475 por bushel em Chicago.
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Para os sojicultores brasileiros, o preço poderia estar ainda melhor, não fosse a desvalorização do dólar.
? Ao perder valor, a soja norte-americana fica mais competitiva no cenário exportador ? explica Flávio Roberto de França Jr., diretor de produto da Safras & Mercado.
De acordo com o analista financeiro, a alta da soja nos últimos meses é sustentada também pela redução da área de plantio nos Estados Unidos, em cerca de 500 mil hectares, e a expectativa de La Niña na América do Sul, com a possibilidade de quebra de safra.
No Rio Grande do Sul, a cotação aquecida na bolsa americana aumenta o valor da saca de soja no mercado gaúcho, e incentiva os produtores a comercializar a safra que começou a ser semeada de forma antecipada, embora não seja uma prática comum no Estado.
? Para quem está plantando, é o momento ideal de comercializar o produto e garantir preço ? acredita o presidente da Associação Brasileira de Agronegócio no Estado (Abag), Antônio Wünch.
De acordo com o dirigente, nas regiões das regiões das missões e do noroeste, cerca de 10% da safra já foi semeada. Deverão ser cultivados no Estado com a oleaginosa cerca de 4 milhões de hectares.
O otimismo, porém, é visto com apreensão diante da possibilidade de estiagem nos próximos meses, devido à presença do fenômeno La Niña. O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), Pedro Nardes, lembra que nos últimos 10 anos a rentabilidade das lavouras de soja foi afetada de alguma forma por adversidades climáticas.