? Ele tinha um compromisso moral conosco. Achávamos que jamais venderia para o Incra aquelas terras, porque sempre estivemos ao lado dele ? afirmou o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Tarso Teixeira.
Em um artigo enviado à imprensa, Teixeira considera a venda um “péssimo negócio”. A principal preocupação, segundo ele, é com a riqueza da terra, já que os produtores prevêem perda de parte da produção: na área há plantações de soja e arroz, além de 10 mil bovinos e 6 mil ovinos. Outro receio são os possíveis atos de vandalismo dos assentados.
? Não vamos entrar no mérito do negócio. Ele (Alfredo Southall, proprietário da fazenda) sabe o que faz. Mas a decisão vai trazer impacto econômico muito grande e negativo para a cidade. Essa é uma das mais ricas regiões de São Gabriel ? protestou.
O advogado de Southall, César Carvalho, informou que a venda ao Incra foi a última alternativa encontrada para se dar um destino àquela área. Conforme o andamento das negociações, que começaram em 2005, as instituições privadas interessadas desistiam da decisão por medo dos problemas históricos que acompanham a área, como as invasões do MST. Southall evitou dar detalhes sobre o negócio.
? Hoje nós estamos numa nova era, num novo momento. Vamos ter que aprender a conviver com isso ? disse o produtor à Agência Estado.
Esta é a sexta aquisição de terras que o Incra faz no Estado somente este ano. Na estância, a previsão é que 330 famílias sejam assentadas até o fim do ano, mesmo que a estruturação completa do local ? abertura de estradas, divisão dos lotes e construção das casas ? seja finalizada em até um ano.
? Essa revolta dos produtores rurais é arrogante, preconceituosa e, acima de tudo, mal-informada. É uma manifestação contra o direito das pessoas trabalharem e terem acesso à terra. ? diz o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
Sem-terra comemoram confirmação de negócio
O Incra ainda negocia outras áreas pelo Estado. A expectativa é desapropriar 30 mil hectares até o início de 2009 ? o suficiente para mais de mil sem-terra.
? Embora a gente ainda queira que toda a área seja desapropriada, estamos felizes. Essa conquista alimenta a esperança dos sem-terra gaúchos ? festejou a coordenadora estadual do MST Ivonete Tonin.