ANÁLISE DE MERCADO

Alta do milho brasileiro depende da colheita da soja e da safra argentina; entenda

Contrato de março do cereal precisa se manter acima de US$ 4,80 o bushel para não sofrer pressão vendedora

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Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

O atraso na colheita da soja em várias regiões do Brasil tem gerado preocupação no mercado quanto ao andamento do plantio do milho que, por consequência, também está aquém do ritmo.

Na Argentina, a Bolsa de Cereales reportou uma piora na condição das lavouras do cereal, o que pode trazer impactos significativos na expectativa de produção.

Em termos de preços, no contrato com vencimento em março, o milho encerrou a semana cotado a US$ 4,86 por bushel (+0,21%) em Chicago. Já na B3, o movimento foi oposto, com queda de 2,02%, fechando a R$ 75,15 por saca no vencimento de janeiro. Tal cenário impactou o mercado físico brasileiro, gerando desvalorização em diversas regiões.

E agora, o que esperar do mercado?

Confira quatro pontos de atenção ao mercado do milho para esta semana, de acordo com projeções da plataforma Grão Direto:

  • Safra da Argentina: como dito, a safra de milho 2024/25 enfrenta grandes desafios devido às altas temperaturas e à falta de umidade, especialmente em Entre Ríos, levando a reduções nas estimativas de produção: a Bolsa de Cereais de Buenos Aires prevê 49 milhões de toneladas. A volatilidade climática continuará sendo uma preocupação para os produtores do país vizinho.
  • Segunda safra de milho: de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o plantio do milho segunda safra está atrasado em comparação ao mesmo período do ano passado, com apenas 0,5% da área semeada, contra 5% no ano anterior. O atraso é devido, principalmente, ao atraso na colheita da soja, causado pelas chuvas intensas nas regiões produtoras. Apesar disso, o mercado ainda não demonstra grande preocupação, mas isso pode mudar nos próximos dias.
  • Fora do calendário ideal: o plantio da segunda safra de milho deve se intensificar no final de janeiro e fevereiro, com condições climáticas favoráveis na maioria das regiões produtoras. “No entanto, o atraso na colheita da soja e as chuvas intensas podem impactar o calendário ideal de plantio, resultando em semeaduras mais tardias e, possivelmente, afetando a produtividade”, diz a Grão Direto.
  • Redução das retenciones: o governo argentino reduziu temporariamente as taxas de exportação de produtos agrícolas, com validade de 27 de janeiro a 30 de junho de 2025. Assim, as taxas para a soja caíram de 33% para 26%, para derivados de soja de 31% para 24,5%, e para grãos como trigo e milho de 12% para 9,5%. A medida, prometida pelo presidente Javier Milei, busca apoiar o setor agrícola, afetado pela seca e baixos preços, aumentando a competitividade das exportações e impactando o mercado global, com desafios ao agronegócio brasileiro.

Análise gráfica do milho

Com base nas cotações da Bolsa de Chicago, o contrato março do milho está em uma “região importante”, diz a plataforma.

Para que mantenha um cenário de alta é necessário que o preço consiga se manter acima dos US$ 4,80/bushel. “Perdendo esta região, o milho poderá sofrer pressão vendedora e buscar patamares de US$ 4,70 a US$ 4,47/bushel. Uma queda significativa perante ao movimento de alta que o milho percorreu durante as últimas semanas”, analisa a Grão Direto.

De acordo com a plataforma, as cotações de milho poderão continuar seu movimento de queda durante a semana, podendo romper a região dos R$ 75,00 na B3, que poderá ser revertido com pequeno avanço no plantio. “Isso deve continuar impactando os preços dos mercado físico brasileiros em diversas regiões.”