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Alta do dólar segura renda no campo, mas encarece insumos

Crédito também é fator preocupante para a próxima safraDe agosto de 2014 a março deste ano, o câmbio rendeu mais de R$ 25 no preço da saca de soja em Sorriso (MT), ficando responsável por quase metade de sua composição. Preço do grão se manteve estável desde então, afirma analista.

Fonte: Foto: Jonas Oliveira/ANPr

Se a queda das cotações de soja na Bolsa de Chicago, pressionadas pelo alto patamar dos estoques mundiais, afligiu produtores e ameaçou a rentabilidade desta e da próxima safra, a disparada do dólar no mês passado acalmou os ânimos e segurou a rentabilidade para o produtor – pelo menos por enquanto.

– O preço em Chicago, o prêmio e a margem diminuíram, mas o dólar subiu bem e compensou essa queda – diz o analista da Agroconsult, Marcos Rubin.

Em outubro, essa estabilidade não era nem sequer cogitada pelo produtor, que estava apreensivo com o cenário de preços. Com o dólar a R$ 2,50 e a cotação de soja por volta de US$ 9 o bushel na Bolsa de Chicago, a rentabilidade esperada no norte de Mato Grosso, por exemplo, para a safra 2014/15 era de R$ 128 por hectare – 80% a menos do que na safra anterior.

Para o ano que vem, a conta ficava no vermelho, com prejuízo de R$ 125 por hectare. O dólar deu uma reviravolta nesse cenário. Em março, tomando como base uma cotação a R$ 3,10, a rentabilidade da soja foi para R$ 798por hectare, superando a do ano passado.

Para a nova safra, a conta sai do negativo e vai a R$ 337. No norte do Paraná, a rentabilidade passou de R$341 para R$ 1.077 por hectare com a valorização da moeda americana.

– Ganhamos um ano com o câmbio, com uma margem melhor do que se estivéssemos olhando apenas para os mercados internacionais – destaca o analista da Agroconsult, André Pessôa.

Insumos

O mesmo dólar que tem segurado a renda do produtor, porém, também traz preocupações para a próxima safra, uma vez que o Brasil importa por volta de US$ 30 bilhões em insumos, por ano. A Agroconsult estima uma alta de 13% no custo de produção no norte de Mato Grosso para a safra 2015/16, e boa parte dessa conta sai em dólar. Aconsultoria projeta alta de 29% no preço de fertilizantes e 22% para os defensivos.

A perspectiva se agrava com incertezas quanto à oferta de crédito para a próxima, tanto de fontes públicas como privadas. A consultoria espera queda de 20% na disponibilidade de crédito aos agricultores. Na contrapartida, estima que serão necessários R$ 11 bilhões a mais de recursos para o plantio de soja, milho e algodão do que nesta safra, totalizando 94,8 bilhões de reais.

– Neste ciclo, notamos um retardamento tanto na comercialização da soja como na compra de insumos. O grande desafio deste ano é o crédito, que estará mais caro e mais escasso – traça Pessôa.

Das dívidas em relação ao câmbio, o preço da soja em dólar deve continuar pressionado.

– Tivemos uma safra boa nos Estados Unidos, na Argentina e no Brasil. As probabilidades de alta de preços são baixas – analisa Marcos Rubin

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