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Alta do dólar é a última esperança da Argentina para minimizar prejuízos

Exportações têm favorecido agricultores com custos de produção na moeda local. Consultoria estima que país ainda têm 52% da safra para negociar

Fonte: Bolsa de Cereais da Argentina

A desvalorização do peso argentino em relação ao dólar, que já chega a 12% neste mês e a 23% no acumulado do ano, tornou-se a esperança dos produtores de soja e milho do país vizinho para reduzir as perdas que eles tiveram com a seca, tida como a pior dos últimos 70 anos.

O agricultor Santos Zuberbühler, que produz nas províncias de Buenos Aires e Córdoba, conta que ainda tem 30% da safra para vender e 100% da segunda safra. Essa parte da produção não foi negociada e será vendida por um dólar mais alto. “A safra atual é dessas para não querer se lembrar nunca mais, mas a desvalorização vai ajudar. Metade dos nossos custos são em pesos e agora eles valem menos por quilo de soja.”

O economista Martín Ravazzani, da consultoria Ecolatina, destaca que a desvalorização do peso vai melhorar sobretudo a rentabilidade dos produtores que estão nas províncias em que Santos atua. Aqueles que estão em outras zonas costumam ter mais gastos em dólares, pois precisam transportar a safra por rodovia até os portos.  

Segundo cálculos da Fundação Agropecuária para o Desenvolvimento da Argentina (Fada), o país ainda tem 52% da colheita total para vender, o que é considerado normal para essa época do ano. Há também parte da safra passada que ainda não foi comercializada – pouco mais de 10% do total, o que resultará em US$ 2,6 bilhões para o país. 

David Miazzo, economista da Fada, lembra, porém, que os grandes produtores não devem perceber mudanças com as alterações no valor do peso, já que costumam se proteger no mercado cambial. “Houve também quem perdeu absolutamente toda a produção na seca. Para esses, não tem preço em dólar que compense”, diz.

Entenda o caso

A falta de chuvas entre novembro e março na Argentina deverá reduzir a safra de soja deste ano em 30% em relação à projeção inicial e, a de milho, em 18%.  A Ecolatina estima que o PIB do país deixará de crescer 0,8 ponto porcentual neste ano por causa da seca e projeta alta menor do que 2% para a economia em 2018.  

A produção agrícola responde por dois terços das receitas com exportações da Argentina, que vem sofrendo uma fuga de capitais há duas semanas.

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