Alta dos insumos pode reduzir uso de tecnologia no plantio da próxima safra

Andamento da crise nas próximas duas semanas será decisivoA única certeza que os agricultores do Rio Grande do Sul têm a respeito da próxima safra de soja, estimada pela Emater-RS em 7,73 milhões de toneladas, é que será plantada. Como será a tecnologia aplicada na lavoura que ocupa cerca de 3,79 milhões de hectares é uma decisão a ser tomada nas próximas semanas.

O julgamento levará em conta o andamento da crise econômica que nasceu no território norte-americano e se alastrou para o resto do mundo. E a influência que tem sobre a moeda usada pelos plantadores: a saca de soja, uma herança dos anos 70 quando era o principal irrigadora de dólares da economia do Brasil.

O perfil deverá ser definido até o final do mês, quando a lavoura começa a ser plantada. Produtores, vendedores de insumos, dirigentes de cooperativas e empresários cerealistas têm “palpites”. Não certezas. Concordam que o andamento da crise nas próximas duas semanas será decisivo para a tomada de decisão. O agricultor tem duas opções: fazer uma lavoura de alto custo usando a tecnologia disponível no mercado que lhe trará produtividade e menor risco perante o clima ou uma plantação de baixo custo, com menos insumos e apostar na sorte para ver no que irá dar.

E as contas que os agricultores estão fazendo para tomar a decisão são simples. No início do ano, com uma saca de soja compravam um saco e meio de adubo. Nesta quinta, dia 16, por conta da crise, eram necessárias duas sacas de soja para adquirir um saco e meio do insumo. Depois de fazer este cálculo, o agricultor Genésio Menegat, 58 anos, de Três de Maio, pensa em reduzir a tecnologia na lavoura de 150 hectares:

? Estou usando recursos próprios. Não posso apostar que a crise valorizará a soja. Não se sabe o que irá acontecer.

A cotação da soja atingiu o nível mais baixo desde agosto de 2007, fechando a US$ 8,67 por bushel (27,2 quilos) na bolsa de Chicago. Desde o pico de US$ 16,33, em julho deste ano, a queda foi de 47%. No mercado nacional, a saca de 60 quilos que bateu os R$ 51 para o produtor, também no sétimo mês do ano, vale R$ 40 no Estado, segundo a corretora Capital. Queda de 17%.

? Com a crise, há muitas variáveis. Essa é uma situação que nunca vivemos antes ? justificou Nereu Rohleder, gerente comercial da Cooperativa Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa), em Santa Rosa, responsável por 6% da produção de soja do Estado.

Para quem planejou antecipadamente a compra de insumos, a situação é um pouco mais confortável. É o caso do agrônomo Paulo Miguel Nedel, de Giruá, que administra o plantio de 7 mil hectares de soja, milho e feijão em lavouras do Rio Grande do Sul e Goiás. Nedel diz estar otimista em relação ao futuro da soja, pois, na sua opinião, os mercados emergentes vão garantir o preço do produto:

? Como já havíamos comprado os insumos, estamos tranqüilos. Vamos fazer um plantio com o que há de melhor na tecnologia.

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