O julgamento levará em conta o andamento da crise econômica que nasceu no território norte-americano e se alastrou para o resto do mundo. E a influência que tem sobre a moeda usada pelos plantadores: a saca de soja, uma herança dos anos 70 quando era o principal irrigadora de dólares da economia do Brasil.
O perfil deverá ser definido até o final do mês, quando a lavoura começa a ser plantada. Produtores, vendedores de insumos, dirigentes de cooperativas e empresários cerealistas têm “palpites”. Não certezas. Concordam que o andamento da crise nas próximas duas semanas será decisivo para a tomada de decisão. O agricultor tem duas opções: fazer uma lavoura de alto custo usando a tecnologia disponível no mercado que lhe trará produtividade e menor risco perante o clima ou uma plantação de baixo custo, com menos insumos e apostar na sorte para ver no que irá dar.
E as contas que os agricultores estão fazendo para tomar a decisão são simples. No início do ano, com uma saca de soja compravam um saco e meio de adubo. Nesta quinta, dia 16, por conta da crise, eram necessárias duas sacas de soja para adquirir um saco e meio do insumo. Depois de fazer este cálculo, o agricultor Genésio Menegat, 58 anos, de Três de Maio, pensa em reduzir a tecnologia na lavoura de 150 hectares:
? Estou usando recursos próprios. Não posso apostar que a crise valorizará a soja. Não se sabe o que irá acontecer.
A cotação da soja atingiu o nível mais baixo desde agosto de 2007, fechando a US$ 8,67 por bushel (27,2 quilos) na bolsa de Chicago. Desde o pico de US$ 16,33, em julho deste ano, a queda foi de 47%. No mercado nacional, a saca de 60 quilos que bateu os R$ 51 para o produtor, também no sétimo mês do ano, vale R$ 40 no Estado, segundo a corretora Capital. Queda de 17%.
? Com a crise, há muitas variáveis. Essa é uma situação que nunca vivemos antes ? justificou Nereu Rohleder, gerente comercial da Cooperativa Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa), em Santa Rosa, responsável por 6% da produção de soja do Estado.
Para quem planejou antecipadamente a compra de insumos, a situação é um pouco mais confortável. É o caso do agrônomo Paulo Miguel Nedel, de Giruá, que administra o plantio de 7 mil hectares de soja, milho e feijão em lavouras do Rio Grande do Sul e Goiás. Nedel diz estar otimista em relação ao futuro da soja, pois, na sua opinião, os mercados emergentes vão garantir o preço do produto:
? Como já havíamos comprado os insumos, estamos tranqüilos. Vamos fazer um plantio com o que há de melhor na tecnologia.