Segundo o relatório trimestral Food Price Watch, divulgado pelo Banco Mundial nessa segunda, em julho (último dado disponível) os preços mundiais dos alimentos estavam 33% mais altos do que um ano antes e próximos do recorde registrado em 2008.
O documento cita ainda os níveis alarmantes dos estoques mundiais de alimentos.
? Com esses baixos níveis de estoques, mesmo pequenas quedas na produção podem ter efeitos amplificados sobre os preços ? diz o texto.
Depois de um pico em fevereiro, alguns produtos chegaram a registrar baixa de preços, mas a volatilidade é motivo de preocupação.
De acordo com o Banco Mundial, a esperada volatilidade nos preços de produtos como açúcar, arroz e petróleo pode ter efeitos inesperados nos preços dos alimentos nos próximos meses.
? A vigilância é vital, devido às incertezas e à volatilidade existentes ? disse Zoellick.
A volatilidade pode ser observada na evolução de produtos como o milho, cujo preço caiu em junho e voltou a subir em julho, registrando aumento global de mais de 80% no período de um ano.
O comportamento também varia de acordo com a região. Enquanto os preços do milho aumentaram mais de 100% em um ano em Uganda, no Haiti, no mesmo período, houve queda de 19%.
Entre os diversos fatores que contribuem para a alta dos alimentos está o aumento dos custos de produção, causado em parte pelos altos preços do petróleo, atualmente 45% maiores do que os registrados um ano atrás.
A alta tem impacto sobre a cadeia produtiva. De julho de 2010 a julho de 2011, o preço dos fertilizantes subiu 67%.
Segundo o Banco Mundial, as incertezas sobre a economia global e a instabilidade política em diversos países do Oriente Médio e do Norte da África devem manter os preços do petróleo voláteis no curto prazo.
Essa combinação de altos preços dos alimentos, baixos estoques e grande volatilidade é uma situação de risco para as populações mais pobres do mundo em desenvolvimento, e o exemplo mais recente é o da crise que já afeta mais de 12 milhões de pessoas no Chifre da África.
De acordo com o relatório, apesar de a situação de emergência na região ter sido provocada por um período prolongado de seca e conflitos internos, como no caso da Somália, os altos preços dos alimentos contribuíram para agravar a crise.
? O desastre afetou os mais vulneráveis. Na Somália, os preços dos cereais produzidos localmente continuam a crescer em todas as regiões desde 2010 e já ultrapassam o pico de 2008 ? diz o Banco Mundial.
Para Zoellick, em nenhum outro lugar do mundo a combinação de altos preços dos alimentos, pobreza e instabilidade produz efeito mais trágico do que no Chifre da África.
Segundo o relatório, como a vulnerabilidade aos altos preços dos alimentos varia em cada país e também entre diferentes grupos populacionais dentro de um mesmo país, a resposta ao problema deve envolver uma combinação entre intervenções de emergência para ajudar aos mais vulneráveis e iniciativas de longo prazo.