De acordo com Braz, se não fosse a pressão de elevação da soja, o IGP-M teria ficado com uma variação menor, de 0,65% em abril. Ainda assim a taxa seria maior do que a registrada em igual mês do ano passado, quando subiu 0,45%.
– Não fosse o choque de preço da soja, o IPA seria de 0,67%, e não 0,97%, e sua contribuição (para o IGP-M) seria de 0,40 ponto porcentual – afirmou.
Além do dólar mais caro, o movimento, segundo Braz, refletiu questões estruturais como o crescimento na demanda por soja pela China, expectativas de uma safra menor na América do Sul e aumento da área plantada de milho nos Estados Unidos.
– Tem uma questão que é câmbio, mas ainda é cedo para afirmar se o impacto no IPA como um todo vai continuar. É preciso saber se essa cotação é, de fato, um novo patamar para a taxa de câmbio – minimizou.
O economista ressalta que não foi apenas a soja que deixou o IPA mais salgado em abril. Segundo ele, a alta de preços foi generalizada e sua expectativa é de que a desaceleração esperada para maio também fique espalhada.
– A soja, que teve maior influência positiva, não deve subir tanto – estimou ele, que mencionou também os reflexos dos preços do café (de -9,78% para -6,78%) e do minério de ferro (de -0,57% para 0,79%).
– Se o câmbio continuar acelerando, pode ser fator de pressão no minério, mas acredito que não deve ser um impacto tão expressivo – disse.
O economista ressalta que outros produtos, no entanto, minimizaram a aceleração do IPA assim como do IGP-M em abril. Foram eles as aves (de 5,19% para -0,29%), milho (-1,35% para -3,98%) e laranja (16,42% para 1,61%).
– São produtos que serviram como âncora para segurar o IPA e por acaso são itens que tendem a refletir mais depressa no varejo – comentou.