No final de 2012 o litro do etanol estava custando, em média, R$ 1,85, quase 70% do valor da gasolina. A diferença é considerada pouco atrativa para o bolso do consumidor. O resultado é o aumento na procura pela gasolina, que registrou alta de 12,2% nas vendas no ano passado.
O litro da gasolina está sendo vendido, em média, a R$ 2,69, valor que, segundo cálculos do setor, está defasado em 13% e deve sofrer reajuste de 6% a 8% em 2013.
— O mercado está começando a se ajeitar. Está se falando em aumento já e este aumento deverá vir, mas eu creio que, se isto acontecer e o etanol não subir, nós voltaremos a ter um bom consumo de etanol —afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia.
Num ano em que a safra de cana-de-açúcar superou as expectativas, chegando a 535 milhões de toneladas, o aumento da gasolina pode deixar o preço do etanol mais atrativo para o consumidor.
Além da boa safra de cana-de-açúcar e da alta no preço da gasolina, outra boa notícia é o aumento da mistura do etanol na gasolina que, em junho, deve voltar a ser de 25%.
— O aumento na mistura do etanol na gasolina vai ser muito bom para a Petrobrás, porque para de importar um produto que ela tem que subsidiar no mercado interno. Ela precisa disto para evitar o prejuízo que está tomando até agora — explica o presidente do Sincopetro.
Segundo Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, a cultura do consumo de etanol precisa voltar. De acordo com o especialista, as projeções para a safra 2013/2014 são otimistas.
— Espera-se uma recuperação na produção, podendo chegar a pouco mais de 580 milhões de toneladas de cana. A produção de açúcar deve superar 37 milhões de toneladas na região Centro-Sul, contra 34,3 milhões de toneladas da safra passada— projeta.
Manoel Vicente Bertone trabalhou por cinco anos na Secretaria de Produção e agroenergia do Ministério da Agricultura. Hoje, ele toma conta de um instituto que pesquisa mercados para indústrias de açúcar e biocombustíveis, o Biomass Energy Research Institute, e chama a atenção para outra oportunidade que o setor não pode deixar passar em 2013.
— Nós estamos observando uma diminuição na produção americana de etanol e provavelmente um aumento da demanda das exportações brasileiras. É provável que os americanos importem mais etanol do Brasil, o que pode favorecer um ambiente melhor no mercado sucroenergético para o ano de 2013 — avalia Bertone.