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CITRICULTURA

Amazônia recebe primeira recomendação de porta-enxertos para limão

Resultados comprovaram elevada eficiência média produtiva, considerando produtividade, estabilidade e adaptabilidade para seleção precoce

Limão Tahiti
Foto: Vinícius Braga

Pesquisa da Embrapa recomenda a seleção precoce de porta-enxertos sob copa para pomares de limeira-ácida tahiti, conhecida comercialmente como limão taiti ou, simplesmente, limão.

Fruto de cinco anos de estudos, é a primeira publicação da Amazônia com recomendações da pesquisa de porta-enxertos para a cultura, com resultados concretos para o estado do Pará, terceiro lugar entre os produtores nacionais.

Foram avaliadas, entre outras, características como altura de planta; volume da copa; número de frutos maduros por planta; produtividade total de frutos maduros por planta; produtividade acumulada de frutos (quilos por planta); e eficiência produtiva média.

Os resultados comprovaram elevada eficiência média produtiva, considerando produtividade, estabilidade e adaptabilidade para a seleção precoce. As recomendações ao Pará são os porta-enxertos Sunki Tropical, BRS O S Passos e Citrandarin Indio. Este último, com indicativos promissores para diversos estados da região.

Citricultura de relevância nacional

O pesquisador Fábio de Lima Gurgel, da Embrapa Amazônia Oriental (PA), explica que a citricultura na Amazônia, em especial, de limão e laranja no Pará, tem alcançado relevância nacional ao se firmar no ranking dos maiores produtores do país.

A vocação regional para a consolidação de uma citricultura sustentável e na produção nacional se dá pela união de condições de solo e clima favoráveis, áreas antropizadas disponíveis e, portanto, sem pressão sobre a floresta, e a crescente adoção de boas práticas e tecnologias.

Caminhos da sustentabilidade

Foto: Vinícius Braga/Embrapa

Gurgel afirma que a diversificação com o uso de portas-enxertos nos pomares está entre as boas práticas que garantem mais sanidade, produtividade e sustentabilidade. “A substituição de pomares antigos por plantas em porta-enxertos recomendados e, portanto, mais adaptadas ao estresse hídrico e às principais doenças da citricultura concede à citricultura amazônica vantagens sobre outras regiões”, argumenta, ressaltando a importância das práticas de manejo como poda, adensamento e utilização de coberturas vegetais entre linhas.

Ele relata que a Amazônia deve ser uma das raras regiões tropicais do mundo sob a qual ainda não há registros da principal doença que acomete a cultura, o greening (huanglongbing – HBL).

O cientista lembra que é importante listar a proximidade da região com a Europa, uma das principais consumidoras do limão nacional, e claro, a sustentabilidade social, econômica e ambiental. “A atividade gera empregos e atrai investimentos externos e de infraestrutura, com a instalação de agroindústrias. Utiliza-se de áreas degradadas e cobertura de solo, garantindo a regeneração e proteção do solo, e ainda concede aos trabalhadores maior segurança e bem-estar, com árvores mais baixas para a colheita e de maior produtividade”, afirma.

Pesquisa e adoção de boas práticas

Localizada no município de Capitão Poço, maior produtor de citros no Pará, a Fazenda Lima atua há 36 anos no estado. Entre as suas atividades estão ações de pesquisa, com foco na adoção de tecnologias e boas práticas, visando garantir qualidade e alta produtividade.

Gestor da fazenda, o empresário Fábio Lima comenta que produz cerca de 8 mil toneladas de limão por ano e tem como principais destinos o estado do Maranhão e o continente europeu. Ele analisa que o mercado externo é exigente e, por isso, considera estratégica a aproximação com a pesquisa na busca por alternativas de substituição dos porta-enxertos, até então, majoritariamente, feitos com limão-cravo; estes, muito suscetíveis à gomose, um grande problema da citricultura regional.

A fazenda, parceira da Embrapa junto ao Programa de Melhoramento Genético de Citros, foi onde a pesquisa realizou os estudos que resultaram na recomendação dos primeiros porta-enxertos. Para o empresário, a região tem capacidade de liderar a citricultura nacional e, para isso, precisa estar alinhada às novas tecnologias. “No meu ponto de vista, é a região mais promissora para citricultura no Brasil, em função da disponibilidade de área, clima favorável e área livre das principais pragas e doenças da cultura”, ressalta.

Sustentabilidade da cultura

O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Walter dos Santos Soares Filho, destaca a importância do trabalho em rede na região Amazônica. “Falamos sempre em degradar o mínimo as áreas, inclusive na Amazônia. Então, o que nós oferecemos à Amazônia vai ser de grande impacto para a região e para o País de um modo geral: porta-enxertos ananicantes e semiananicantes, que vão implicar menor uso de área”, explica.

Além disso, os novos materiais indicados também facilitam a colheita de frutos. “Cerca de 40% dos custos de produção estão na colheita,; esses custos são maiores até do que os de defensivos agrícolas”, afirma o pesquisador. Soares Filho justifica a importância na diversificação de uso de variedades porta-enxerto, com suas peculiaridades e características próprias, como garantia na sustentabilidade da citricultura. “Se uma variedade, por exemplo, vai mal ou se vem alguma doença específica e liquida essa variedade, é preciso ter outras para dar sustentação aos pomares”, reforça.

O pesquisador Orlando Sampaio Passos reitera a importância da diversificação. “Não somente na citricultura, mas em qualquer atividade, no comércio ou na indústria, é importante diversificar. Em todo o Norte, em todo o Nordeste e parte do Centro-Oeste, o porta-enxerto é único, o limoeiro cravo, que tem problema sério com as duas principais variedades no Brasil que são a laranja pera, por conta do problema do declínio, e a limeira-ácida tahiti, atacada pela gomose, causada por Phytophthora.”

Passos recorda sua impressão equivocada ao conhecer a citricultura da Amazônia. “Eu não acreditava no potencial da região por causa do elevado regime de chuvas, mas, quando visitei os pomares, verifiquei que, apesar de não haver um nível tecnológico adotado nos pomares, a produtividade era alta, com média em torno de mil frutos por planta, podendo chegar a 40 toneladas por hectare.


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