De acordo com a Associação dos Guardiões da Rainha das Águas (ONG Guará), a cidade de 7,2 mil habitantes tem um dos maiores índices de preservação de mata nativa do Brasil e nascentes espalhadas por todo o seu território, sendo 11 de água mineral medicinal, consumidas pela população e usadas por turistas.
? Essas nascentes dão a dimensão da importância dos nossos aquíferos, tanto que a cidade tem lei que proíbe abrigar até mesmo cemitério e criação de gado em larga escala, para não contaminar os lençóis subterrâneos ? disse Yara Cavini, ambientalista da ONG. Segundo ela, estudos de lençóis freáticos em áreas de canaviais do Estado já demonstraram a contaminação por agroquímicos aplicados na cultura.
A multinacional espanhola Abengoa Bioenergia, que tem usina de açúcar e álcool na vizinha São João da Boa Vista, arrendou parte da fazenda Retiro, em Águas da Prata, para plantar cana. As terras, que estão sendo preparadas para o plantio da cana, ficam em uma área da bacia do Rio da Prata, que abastece a cidade.
Unanimidade
Em primeira discussão, a Câmara Municipal de Águas da Prata aprovou por unanimidade um projeto do prefeito Samuel da Silva Binati (PSC) que restringe a lavoura da cana no município. Se aprovada na segunda votação, que ocorrerá no próximo dia 10, a lei vai exigir que as plantações comerciais sejam submetidas a estudo de impacto ambiental.
A norma proíbe o uso de fogo na colheita ou preparo do solo e também o cultivo num raio de três quilômetros da captação de água usada para abastecimento público ou para exploração de águas minerais. O infrator, pessoa física ou jurídica, fica sujeito ao pagamento de multa de R$ 3,5 mil por hectare.
A Abengoa Bioenergia informou, por meio de assessoria de imprensa, que somente se manifestará após a votação final pela Câmara.