Para o Núcleo Amigos da Terra, de Porto Alegre, as mudanças vão longe demais. Eles pretendem buscar junto a Ordem dos Advogados do Brasil e ao Ministério Público a inconstitucionalidade da lei. E não seriam os únicos. Ambientalistas de outras regiões do país também estariam prontos para fazer o mesmo.
? A luta não termina hoje (24), não termina terça-feira e ela vai continuar até o caso do Ministério Público, de inconstitucionalidade, que a gente vem construindo algumas estratégias de poder trancar isso aí em função de artigos que vão contra a constitucionalidade, o que já foi construído no país ? afirma Fernando Campos Costa, vice-presidente do Núcleo Amigos da Terra.
Durante mais de 50 anos, o biólogo Ludwig Buckup aliou a ciência com a preocupação ambiental. Ele acompanhou todas as discussões sobre o novo Código e sempre foi contrário às alterações no texto.
? Nunca se produziu tanta soja, tanta cana-de-açúcar, tanto café, tanto cacau, tanto gado como agora e recentemente. Então, certamente o Código Florestal que aí está não deve ser tão ruim, então pra que mexer nele? ? questiona Buckup.
O professor de direito ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Orci Bretanha, considera as mudanças um retrocesso. Ele diz que elas vão contra o equilíbrio ambiental e contra a própria Constituição Brasileira que considera as florestas como bens de uso comum a todos os habitantes.
? Todos têm direito a um ambiente ecologicamente equilibrado e também as futuras gerações. Então, o homem está limitado no momento em que houver risco ao equilíbrio ambiental. A partir daí o uso desses recursos está vedado. Tanto é que nós temos bens, no caso de florestas nativas, que são objeto de preservação. Elas têm a função ambiental e devem ser preservadas. É dever do Poder Público esta preservação, assim como da coletividade ? reforça.
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