O cenário, projetado pelo Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do RS (Copaergs), aponta que outubro ainda será de precipitações regulares, e o período mais crítico terá início a partir da segunda quinzena de novembro. Membro do Copaergs, o meteorologista Julio Marques, do Centro de Pesquisa e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas, vê um complicador. Além do La Niña, o resfriamento das águas do Atlântico na costa do sul do país e da atmosfera sobre o Cone Sul tendem a dificultar ainda mais a regularidade da chuva.
Apesar de sujeito a alterações, o quadro indica que a metade norte do Estado também pode sofrer um pouco mais na safra em formação, ao contrário do último ciclo, quando foi beneficiada por precipitações que caíram no momento certo. Entretanto, o agrônomo Dulfe Pinheiro Neto, da Emater, reforça que a tendência não é motivo de pânico.
? O produtor não pode baixar o nível de tecnologia e o capricho na lavoura ? aconselha.
Na Metade Sul, onde predomina o arroz, são as regiões mais próximas do Uruguai e a Fronteira Oeste que tendem a ser atingidas por uma estiagem, como na safra 2010/2011.
? No geral, anos de La Niña são bons para a o arroz, desde que haja disponibilidade de água ? lembra Silvio Steinmetz, agrometeorologista da Embrapa Clima Temperado.
No caso da pecuária, segundo Fábio Schlick, da Emater de Bagé, o primeiro passo para evitar prejuízos maiores ? como o ocorrido na Campanha e Fronteira Oeste no último verão ? é ajustar o número de cabeças à capacidade do campo.
De olho no tempo
A prática é quase um ritual. Todos os dias, às 5h, o produtor rural Daniel Mello, de Pelotas, prepara o chimarrão, liga o computador e acessa os principais sites de agrometeorologia.
É a partir dos boletins sobre o clima que são planejadas as estratégias da lida no campo. Uma rotina que vale para a agricultura e para a pecuária.
O produtor segue a recomendação técnica de plantio à risca e se vale das previsões do tempo para determinar, inclusive, a variedade de arroz a ser plantada.
? Se a estação será de estiagem, nós temos que estar preparados para isso ou iremos sofrer as consequências lá no final da safra ? destaca Mello, reforçando que a diversificação com o milho e a soja é umas das estratégias que não abre mão.