Américo Sato assume Abic, que perde Sara Lee e Três Corações

Companhias não deram justificativas para o desligamento da associaçãoA Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) acaba de trocar de comando, em meio à saída de duas grandes filiadas. O empresário Américo Takamitsu Sato assumiu a presidência do Conselho Gestor da entidade, sucedendo a Almir José da Silva Filho. As duas empresas que deixaram a Abic são Sara Lee e Três Corações, as duas maiores no ranking da associação.

Conforme Américo Sato, as duas companhias não deram justificativas para o desligamento.

? O que posso dizer é que a Abic é uma associação de representação nacional e não poderia dar prioridade a interesses individuais, em detrimento de uma maioria ? disse.

As empresas associadas da Abic, incluindo Sara Lee e Três Corações, participavam com quase 70% do café torrado e moído industrializado no país em 2010, consumindo perto de 19 milhões de sacas de 60 quilos.

Em termos financeiros, continuou Sato, a saída das duas empresas não representa grande transtorno para a Abic. Isso porque a contribuição à entidade é limitada a determinado volume de sacas industrializadas. Ultrapassando esse limite, a contribuição não se altera.

O anúncio da saída da Sara Lee e Três Corações foi formalizado nesta terça, dia 21, durante reunião do Conselho Deliberativo da Abic, no Rio de Janeiro, da qual participaram cerca de 25 representantes das indústrias. Segundo um dos participantes, que não quis dar mais detalhes, a saída das duas empresas pode ter como pano de fundo o desacordo com relação à questão tributária de PIS/Cofins, que está sendo discutida com o governo.

Eleito para o triênio 2011/2014, o novo presidente da Abic informou que tem como meta superar os Estados Unidos como maior consumidor mundial do grão. Os norte-americanos consomem anualmente cerca de 21 milhões de sacas de café. Outro desafio é melhorar o consumo per capita no Brasil, que atualmente é de 4,81 quilos de café torrado, ultrapassando a Alemanha, cujo consumo per capita é de 5,86 quilos por habitante ao ano.

Para tanto, Américo Sato pretende promover uma reorganização do setor, “para fazer frente às novas exigências de mercado”. Um dos pontos fundamentais, segundo ele, é criar diretorias regionais, na Região Norte, Nordeste, Sul, etc, dando suporte às demandas localizadas e oferecendo assistência ao associado.

Ele acredita que é preciso criar novos programas de marketing, combatendo a mentalidade do “quanto mais barato melhor”, resquício da fase crítica da economia nacional.

? O Brasil mudou, a economia melhorou e o consumidor também quer qualidade ? afirmou.   

O dirigente ressaltou, ainda, que a exportação de café torrado e moído deve ser uma meta a ser perseguida pelo setor, “inclusive por orientação da presidente Dilma”, comentou. Ele explicou que mercados ditos maduros, como Estados Unidos e União Europeia, não devem ser o foco dos industriais.

? Me parece mais viável explorar novos mercados, com potencial de elevação de consumo de produto de maior valor agregado, como Oriente Médio e Ásia ? ponderou.

Américo Santo é um dos fundadores do Café do Ponto (empresa vendida em 1998 para a norte-americana Sara Lee) e atualmente está à frente da indústria Café Floresta, de Santos (SP). Ele é sócio-fundador da Abic e já presidiu a entidade em duas gestões: no biênio 1991/1993 e no triênio 1993/1996. Américo Sato terá como vice-presidente Bernardo Wolfson, da Melitta do Brasil. Nathan Herszkowicz continua como diretor-executivo da Abic.