Amorim assume agenda de Lula em Davos

Ministro brasileiro recebe prêmio de Estadista Global concedido à Lula no Fórum Econômico MundialNa ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Davos, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, soma as agendas e se desdobra entre compromissos na Suíça. Caberá ao chanceler receber nesta sexta, dia 29, o prêmio de Estadista Global concedido pelo Fórum Econômico Mundial a Lula.

Amorim fará a leitura do discurso do presidente na solenidade de entrega da premiação. Também entra na agenda do chanceler um encontro com a presidente da Suíça, Doris Leuthard, reunião originalmente marcada com Lula.

Hospitalizado em Recife por causa de uma crise de hipertensão registrada na noite de quarta, dia 27, justo quando se preparava para viajar para a Suíça, Lula cancelou sua viagem por recomendação médica.

Amorim afirmou que acredita que o presidente deve estar “frustrado” por não poder transmitir sua mensagem no evento que reúne a elite da economia mundial.

? Eu acho que deve estar frustrado. Não por não poder receber o prêmio, mas por não poder vir aqui trazer sua mensagem sobre governo global, sobre o que o Brasil fez para enfrentar a crise e também os outros desafios, como a fome e a saúde ? disse Amorim.

O representante brasileiro foi um dos membros da sessão especial do fórum dedicada ao Haiti, ao lado do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. O país caribenho, vítima de um violento terremoto, no dia 12, que matou pelo menos 170 mil pessoas, segundo autoridades haitianas, esteve no centro dos debates do evento.

Falando em Davos, Clinton ressaltou que o fórum trabalhará para fornecer informações com o objetivo de ampliar o investimento do setor privado no Haiti e relatou a líderes empresariais e políticos as últimas notícias sobre o país. Enviado especial da ONU para o Haiti desde 2009, o ex-presidente americano lembrou que prosseguem os problemas sérios com a falta de comida, água e abrigos.

Apesar da ausência de Lula, a América Latina marca presença no fórum. Na quinta, a elite política e econômica reunida em Davos teve a chance de ouvir a voz do continente nos discursos de alguns líderes regionais.

Em seus pronunciamentos e em reuniões bilaterais, os presidentes do México, Felipe Calderón, e da Colômbia, Álvaro Uribe, aproveitaram o convite para participar do encontro para atrair investimentos e promover conferências que acontecerão em seus respectivos países ao longo de 2010.

Se, por um lado, Uribe tentou divulgar o Fórum Econômico para a América Latina, que acontecerá na cidade de Cartagena, Calderón tratou de promover a próxima convenção da ONU sobre a mudança climática, na qual a comunidade internacional fará de tudo para chegar a um acordo sobre o tema.

Diante dos presentes no fórum, Calderón pediu que os países desenvolvidos e em desenvolvimento parem de brigar sobre quem são os culpados pela mudança climática e comecem a trabalhar conjuntamente contra essa ameaça:

? Todos estamos no mesmo avião.

Menos ambicioso, o colombiano Álvaro Uribe chegou ao fórum com dois objetivos claros: convencer executivos e banqueiros a participar de uma versão americana do Fórum Econômico Mundial, que ocorrerá em abril, e buscar investidores, motivo pelo qual se reuniu com vários empresários ao longo do dia.