Sempre quando a soja tem um fator impactante negativo é que surgem as soluções. Neste caso, a criatividade do agricultor será em reduzir os custos de produção
*Áureo Lantmann
Ao longo dos anos, a safra de soja no Brasil sempre sobreviveu e avançou quando teve grandes impactos, seja de ordem climática, de ordem biológica (pragas e doenças), de ordem conceitual ou de ordem nutricional. Nesta safra, a tendência é o impacto de ordem econômica, fator que deve afetar muito as decisões sobre a nova safra.
Mas é sempre quando a soja tem um fator impactante negativo que surgem as soluções ou alternativas para dar continuidade com relativa segurança no cultivo da oleaginosa. Neste caso, a criatividade do agricultor será em reduzir custos de produção. E é possível diminuir os gastos da soja com o uso de tecnologias próprias sem comprometer rendimentos.
Em anos de fartura, é comum se usar para o cultivo da soja alguns exageros, pois se pressupõe que isso se pagará. Neste ciclo a situação será outra e o produtor deve evitar alguns excesso.
Listo aqui alguns exageros que precisam ser reavaliados pelos produtores:
1. No tratamento de sementes, se o sojicultor usar tudo que é recomendado, serão oito produtos a comprar, alguns desnecessários e outros sem parâmetros para definir recomendação. Muitas vezes, boa parte desses produtos não garante maiores rendimentos.
2. O uso de inseticidas sem critério técnico, sem uma aferição pelo método do Manejo Integrado de Pragas (MIP), de forma sempre preventiva. Em alguns casos, aplicações em doses e épocas inadequadas.
3. Alternativas como o uso do Baculovirus para controle de lagartas desfolhadoras representam uma redução de custos com inseticidas da ordem de 90%.
4. A dessecação pré-colheita tem sido usada sem critério, e isso tem promovido uma perda média de rendimentos da ordem de 4%.
5. A escolha das cultivares, a melhor época de semeadura e as condições ideais de solo (umidade e descompactação) exige um cuidado ainda maior do agricultor.
6. O nitrogênio necessário para a soja vem todo da inoculação com o Bradyrhizobium não havendo necessidade de nitrogênio mineral (adubo nitrogenado).
Adubação
Um dos itens que mais pesa no custo de produção da soja é a adubação, cerca de 30% até 40% do gasto total. O produto deverá ser um item muito afetado pelo dólar, pois maior parte dos fertilizantes é importada.
Durante a Expedição Soja Brasil, visitamos vários agricultores que não têm adubado a soja e que não perderam rendimentos. Tem solos cultivados com soja há mais de 30 anos, em que todo ano a soja é adubada, e esses solos já estariam com níveis de fosforo além dos níveis críticos, situação que permite reduzir a adubação fosfatada, sem prejuízo de rendimentos. Há varias indicações de pesquisa mostrando que é possível reduzir adubações sem perder rendimento.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013