Análise da FGV aponta diminuição dos efeitos da estiagem sobre os preços

Primeira prévia de maio do IGP-M aponta desaceleração influenciada por matérias-primas brutas agropecuárias como milho e trigoO esgotamento do efeito da estiagem sobre os preços reforçou a trajetória de desaceleração dos alimentos na primeira prévia de maio do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), avaliou o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

– O que a gente vê é a confirmação do aprofundamento da queda dos preços da alimentação – disse.

Na prévia divulgada nesta sexta, dia 9, o IGP-M subiu 0,06%, abaixo do piso das estimativas do mercado e inferior ao resultado da primeira prévia de abril (0,72%). A principal influência veio dos preços do atacado, que recuaram 0,28%.

De acordo com Quadros, este é um mês de tranquilidade em relação ao IPA. Mas o superintendente, não descartando a possibilidade de o indicador fechar o mês negativo dentro do IGP-M. Ele afirma que índice está com desaceleração, principalmente matérias-primas brutas agropecuárias como milho e trigo.

– Com a expectativa de safra maior, é natural que os produtos agropecuários não acelerem mais – acrescentou.

Na contramão, a soja acelerou de -1,18% para 0,49%, mas ele não vê como tendência.

– O ajuste não é preciso. O preço ficou fora de lugar, e agora vai, de forma oscilante, se encaminhando para o equilíbrio – explicou.

Nos bens finais, era “claro” para o superintendente que os alimentos in natura iam desacelerar. A batata-inglesa, que ainda aparecia pressionada no IGP-DI, mostrou queda de 0,18% na prévia anunciada hoje. Já o tomate caiu 5,78%.

Os alimentos processados também mostram arrefecimento, de acordo com Quadros. A carne bovina desacelerou de 3,67% para 0,39%, enquanto o óleo de soja teve queda de 0,20%, contra alta de 8,34% no mês passado.

– Há vários exemplos de alimentos que estão finalmente recuando ou pelo menos estabilizando – reforçou Quadros.

A queda nos preços no atacado ainda é ajudada pelo efeito dos preços negativos do minério de ferro e dos materiais para a manufatura, beneficiados pela valorização do real ante o dólar.

– Os bens intermediários (que incluem materiais para a manufatura) vão subir se tiver uma virada no câmbio, mas não tem nada que indique isso – disse Quadros.

Agência Estado