? É uma loteria. É de alto risco. Ele está plantando e sabe que é incerto. É como um cassino ? diz o produtor rural José Ricardo Cartola.
A frase é de alguém que se diz entregue à sorte. Cartola chegou a vender a saca de feijão por R$ 55 reais. Em junho, conseguia até R$ 155. Mas, nesta semana, vendeu a R$ 70. Ele conta que, assim, fica difícil investir na produção.
Há cinco anos, o produtor mantém a mesma área dedicada ao plantio de feijão: 150 hectares. Nada mais, nada menos, devido às altas e baixas dos preços no mercado. A colheita da próxima safra já começou e as expectativas não são tão boas assim.
? O risco é muito grande. A volatilidade de preço é grande. Então eu prefiro não arriscar. Prefiro investir na produtividade. Aí, o meu risco diminui. Eu quero estar errado, mas a tendência é baixar ainda mais os preços ? afirma Cartola, que tem sua projeção reforçada pela esta analista de mercado Sandra Hetzel.
Ela explica que, diferente de Cartola, muitos produtores decidiram aumentar a área plantada. E a safra 2010/2011 deve ter 120 mil toneladas a mais que a anterior, que ficou em torno de 1,46 milhão de toneladas.
? Se o governo fizer o papel dele, de garantir o preço mínimo, os preços devem ficar ao redor de R$ 70 a R$ 80. Porém se não tiver esse preço, a garantia de sustentação para o pequeno produtor, evidentemente, que na boca da safra, quando houver uma oferta maior, que deve ocorrer de 15 de janeiro em diante, a tendência é desses preços novamente é de queda ? explica Sandra.