CONTROLE DE DOENÇA

Anomalia da soja: evento da Embrapa divulga últimas descobertas

Rede de pesquisa investiga problema há quatro safras e já identificou o tipo de fungo causador e a família de fungicidas aptas ao controle

Descobrir as causas da podridão de grãos em soja e definir estratégias de manejo tem sido um grande desafio aos pesquisadores. As últimas descobertas referentes ao tema foram apresentadas na Reunião de Pesquisa de Soja (RPS), que aconteceu em Londrina, Paraná.

O problema, que tem trazido perdas produtivas em lavouras de Mato Grosso desde a safra 2019/20, é investigado por uma rede de avaliação de fungicidas.

A iniciativa é formada por Embrapa, Fundação MT, Fundação Rio Verde, Protecplan, Fitolab, EPR Consultoria, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT-Sinop) e Solo Fértil.

Essas instituições vêm realizando experimentos na região do médio norte de Mato Grosso (eixo da BR 163), há quatro safras.

Depois de descartadas as primeiras hipóteses, a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC, diz que identificou-se que o anomalia é causada por três gêneros de fungos:

  • Fungos diaporthe (Ueckerae, longicolla)
  • Colletotricum e fusarium

Esses dois últimos causam doenças de final de ciclo e são mais conhecidos dos produtores.

“Por outro lado, os fungos diaporthe – que vivem em estado de latência harmônica na planta – não eram problemas na soja. Hoje, entre outras questões, queremos esclarecer melhor porque esses fungos diaporthe, em algumas situações, se tornam patogênicos, ou seja, causam doenças à planta”, explica a pesquisadora.

Escolha de cultivares no manejo

Há cerca de um ano, a rede de avaliação de cultivares – formada por 12 institutos de pesquisa, universidades, cooperativas e fundações – avalia o impacto da escolha de cultivares no manejo da podridão de grãos.

O pesquisador da Embrapa Cerrados, Austeclinio de Farias Neto, mostrou os resultados obtidos em lavouras de Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sinop e em alguns áreas de Rondônia, que totalizam 3 milhões de hectares.

A rede avaliou 42 cultivares transgênicas, 12 cultivares convencionais e ainda realizou experimentos em três épocas de plantio.

De acordo com o pesquisador, as cultivares foram caracterizadas quanto à reação a podridão:

  • Cultivares com bons níveis de resistência;
  • Médios níveis;
  • Cultivares suscetíveis

“Com essas informações, os produtores terão ainda mais subsídios para o planejamento e enfrentamento do problema”, destaca Farias Neto.

Perda de produtividade de soja

anomalia na soja
Foto: Blog Canal Rural MT/ Reprodução

O consultor Juliano Diniz, que assiste uma área de 50 mil hectares no norte de Mato Grosso (Sorriso, Ipiranga Nova Ubiratan, Nova Maringa, Alto Floresta) apresentou na reunião os resultados do impacto da podridão de grãos/quebramento da haste em soja nas últimas quatro safras de soja.

A maior redução identificada por Diniz foi na safra 2021/22. Em uma propriedade em Sorriso, houve quebra de 40% na produtividade em decorrência do problema.

Segundo ele, hoje se sabe que existe um componente climático que favorece a ocorrência de fungos na planta, mas que pode ser manejado com o uso de fungicidas (carboxamidas), associado à adoção de estratégias de manejo do solo, a exemplo de cobertura de solo com palhada e correção do perfil físico de solo, entre outras estratégias.