ANP convoca reunião com setor sucroalcooleiro para discutir estoques

Há um temor entre as distribuidoras de combustíveis de que falte etanol entre março e abrilA Agência Nacional do Petróleo (ANP) convocou para esta quarta, dia 16, uma reunião com representantes do setor sucroalcooleiro para discutir a situação dos estoques de etanol até o final da entressafra. Há um temor entre as distribuidoras de combustíveis de que falte etanol entre março e abril, antes da entrada da nova safra. Isso porque a alta do preço dos combustíveis, de 28% no preço nas usinas desde dezembro, não foi suficiente para que o consumidor migrasse em massa para a gasolina.

A queda da demanda por etanol no período, segundo o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), foi de 26%. No entanto, esperava-se uma redução de 50%, como ocorreu no ano passado.

? Se a queda fosse equivalente, não teríamos o mesmo risco de desabastecimento ?  comentou o presidente do sindicato, Alísio Vaz.

Segundo ele, o pico do preço do etanol, atingido no ano passado entre janeiro e fevereiro, não se repetiu este ano. O recorde, explicou, só ocorreu em março.

? A expectativa é de que o preço do etanol, que já bateu para o consumidor a casa dos R$ 2,10 em São Paulo e R$ 2,50 no Rio, suba ainda mais nos próximos dias, inibindo finalmente o consumo ? afirmou.

De acordo com o diretor da ANP para a área de Abastecimento, Alan Kardec, a reunião desta quarta deve apurar a situação junto às usinas e averiguar o teor de etanol que será produzido na nova safra.

? Não temos o poder de regular estas usinas, por isso apenas convocamos para uma conversa ? disse.

Ele acredita que os reflexos do terremoto do Japão sobre o preço das commodities, entre elas o açúcar, acabe impactando ainda mais o preço do etanol.

? Se o preço do açúcar continuar alto, a tendência desta safra é de ser mais açucareira, o que pode provocar, no mínimo, uma manutenção dos preços do etanol num patamar mais alto, ou até mesmo a falta do produto na próxima entressafra ? disse.

Kardec lembra também que o mesmo risco se estende para o biodiesel, já que a soja está entre os produtos que serão afetados.

Importações
O aperto no mercado do etanol e a crescente demanda de gasolina e de diesel devem fazer com que o Brasil aumente suas importações no setor este ano, segundo estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE). Para a entidade, a procura por gasolina continuará elevada no país. A previsão é de alta de 5,1% em 2011, depois do avanço recorde de 6,1% em dezembro do ano passado para 920 mil barris por dia.

? Como a demanda provavelmente continuará muito forte em 2011, um mercado de etanol apertado deve requerer o apoio da importação de gasolina em 2011 pelo Brasil, que normalmente é um exportador líquido ? diz o relatório mensal da AIE divulgado na última segunda, dia 14.