Produtores estão otimistas com a nova temporada e expectativa de entidades do setor é que estado possa em breve superar a produção do Paraná
João Bosco, de Cruz Alta (RS)
O plantio da safra de soja no Rio Grande do Sul vem mudando a paisagem das lavouras gaúchas no mês de outubro. Tradicionalmente realizado em novembro, o início do ciclo foi antecipado e deve ter reflexos positivos para o bolso do produtor.
No campos do estado, uma cena que até bem pouco tempo seria considerada uma ousadia e causaria estranheza, as plantadeiras em pleno trabalho ainda na primeira quinzena de outubro, antecipando a semeadura da soja.. Mas está acontecendo.
“Não se via isso no passado e a cada ano vem se antecipando mais o plantio. Não sei até quando vai dar para fazer isso, mas por enquanto os produtores estão aproveitando as áreas que já estão descobertas para plantar a soja”, diz o diretor técnico da Aprosoja Brasil, Nédio Argenton Giordani.
O início do ciclo vem acontecendo cada vez mais cedo, graças ao desenvolvimento de novas cultivares. “As variedades estão se adaptando. Já foram criadas para isso mesmo, são mais precoces. Não tem tanta influência do fotoperíodo no crescimento, então é possível fazer isso”, conta Giordani.
No município de Cruz Alta, região noroeste do Rio Grande do Sul, o produtor Roberto Durigon Lemes está antecipando o processo e vai plantar 630 hectares em 3 etapas, sendo 10% agora. “Essas variedades novas que tem no mercado se adaptam muito bem ao plantio no início de outubro. E já dá para entrar porque é uma janela boa para plantio e deve gerar altas produtividades”, afirma Lemes.
Plantar soja mais cedo garante uma redução nos custos de aproximadamente uma ou duas aplicações a menos de fungicida lá em janeiro, quando a ferrugem asiática ataca as lavouras. Mais capitalizado, o produtor investe em tecnologia e aumenta a produtividade. Os resultados já começam a aparecer no estado.
Na última safra, o estado produziu quase 19 milhões de toneladas de soja, o terceiro maior estado produtor de soja do país. Com uma média de 50 sacas por hectare e a área plantada de 5,4 milhões de hectares.
“Todo ano se melhora um pouco. Pode até dar um problema de clima, mas no outro se recupera e sempre vem um pouco mais. É o que tem acontecido. Tem aumentado muito a tecnologia aqui nas nossas áreas, pois procuramos melhorar sempre. Tem gente produzindo muito e outros ainda estão tentando produzir mais. A expectativa que eu tenho é que em breve nós vamos passar o Paraná”, conta o diretor da Aprosoja Brasil, Décio Teixeira.
No que depender da expectativa com a nova safra que começa agora, a área plantada deve aumentar ainda mais no Rio Grande do Sul. “Deve aumentar a área plantada esse ano, algo em torno de 5% e 10% em função da diminuição do milho e novas áreas que estão sendo agregadas neste plantio, áreas de fronteiras”, conta Giordani.
O desafio é conseguir o que o produtor Lemes conquista a cada safra, um aumento de produtividade. Na última ele colheu 70 sacas por hectare, bem acima da média estadual. E agora pretende dar um novo salto.
“Espero colher 75 sacas por hectare nesta safra. Fomos bem no ano passado, não dá pra se queixar. Chegar a 80 ainda não dá, mas devagarinho vamos chegando nisso”, diz o produtor.