Pesquisadores lembram que a incidência dela não é preocupante, mas alertam para a necessidade de um bom tratamento de sementes e plantas mais espaçadas
Depois do alerta dado pelo Coordenador de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, da forte presença da antracnose nas lavouras do Médio Norte do Mato Grosso, o Projeto Soja Brasil ouviu o pesquisador da Fundação MT Ivan Pedro e o consultor técnico Áureo Lantmann.
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Até o momento, dois casos foram registrados na região de Tapurah (MT), a área é considerada de alta incidência do fungo. Segundo o consultor do Soja Brasil, a antracnose pode ser reflexo de pouco espaçamento entre as mudas e o excesso de plantas por área, o que dificulta a aplicação de defensivos para controle. Lantmann afirma ainda que a perda depende muito do estágio de desenvolvimento em que a doença aparece.
– É uma doença típica do Cerrado, principalmente em época de muita umidade. Ela é uma doença de final de ciclo, a partir da formação de vagem, lá pelo R4, ela pode ser preocupante. E quando não tem muito espaçamento, é pior. Viajando com a Expedição Soja Brasil foi uma coisa que notei, os produtores estão com muitas plantas por área, isso prejudica – explica.
O pesquisador da Fundação MT aponta também que os produtos disponíveis no mercado não têm alta eficiência no combate da antracnose. Depois de instalada, a doença dificilmente terá controle e a perda é quase certa.
– É um fungo oportunista, que está presente em muitas lavouras de soja. Algumas regiões estão com uma pressão grande e está cada vez mais difícil o manejo da antracnose. Os danos da doença são irreversíveis – comenta Ivan Pedro.
Assim como a ferrugem asiática, a antracnose pode se espalhar facilmente, principalmente em situação de umidade elevada e ventos. Áureo Lantmann explica que, caso o produtor tenha uma variedade de semente não suscetível à antracnose, não precisa se preocupar, porque os danos não serão grandes. O especialista ressalta que a informação sobre a suscetibilidade deve vir do fabricante, outro ponto é a necessidade de um tratamento de sementes bem feito.
– É importante também que o produtor faça a rotação de culturas, para diminuir a pressão da doença. Isso, sem dúvida, ajuda muito – reforça Lantmann, que também lembra que as áreas que tiveram segunda safra de soja podem estar mais propensas ao surgimento da antracnose.
A doença
De acordo com a Embrapa, a antracnose afeta principalmente as plantações de soja nas regiões dos Cerrados. Sob condição de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinação dos grãos em formação. A doença pode causar alta redução do número de vagens, induzir a planta à retenção foliar e haste verde ou gerar até a perda total da produção.
A antracnose infecta a haste e outras partes da planta e causa manchas castanho escuras. É possível que seja uma das principais causadoras da necrose da base do pecíolo. A doença nas lavouras dos Cerrados é atribuída à maior precipitação e às altas temperaturas, porém, outros fatores como o excesso de população de plantas, cultivo contínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas (35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, são também responsáveis pela maior incidência da doença.
A Embrapa sugere a rotação de culturas, um maior espaçamento entre as linhas (50 a 55 cm), população adequada (250.000 a 300.000 plantas/ha), tratamento químico de semente e manejo adequado do solo, principalmente, com relação à adubação potássica.
Clique aqui e veja a entrevista do pesquisador da Fundação MT Ivan Pedro.
Clique aqui e veja a entrevista do Coordenador de Defesa Vegetal do Mapa em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, ao Mercado & Companhia.