Antracnose já afeta lavouras de soja de Mato Grosso

Umidade e calor estão favorecendo o surgimento da doença. Produtor acredita que, se o clima não ajudar, produtividade pode ser gravemente afetada

Pedro Silvestre, de Campos de Júlio (MT)
O clima úmido que se instalou em Mato Grosso está favorecendo o surgimento de doenças na produção de soja. Além da ferrugem asiática, outro problema tem trazido preocupação aos produtores da região, a antracnose. O controle, que já é difícil, está pior por causa do excesso de chuvas e os danos são irreversíveis.

Enquanto alguns estados sofrem com a falta de chuvas, outros têm problemas com o excesso delas. Muito se fala sobre doenças fúngicas e como elas se beneficiam deste excesso de umidade, vide a ferrugem asiática, que ainda traz muitos prejuízos aos sojicultores do país. Nesta safra, a temida antracnose tem atrapalhado os planos dos agricultores de Campos de Júlio, em Mato Grosso.

Abertura Nacional da Colheita de Soja 2016/2017
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O excesso de chuva tem preocupado muitos produtores desta região, onde foram realizados os primeiros plantios dessa safra. Segundo o Sindicato Rural do município já são dez dias seguidos de tempo nublado e chuvas no município, algo que tem favorecido a doença e atrapalhado a aplicação dos agroquímicos para controle. “Foram 400 milímetros em uma semana, é muita chuva. A maioria dos produtores está com as aplicações atrasadas e tentando tirar o tempo de atraso, mas a antracnose já está entrando na soja”, conta o produtor rural Artur Serafini Volpato. “Não dá para quantificar ainda, mas se o tempo não ajudar posso ter prejuízo na soja.”

O vice-presidente do sindicato rural de Campos de Júlio, Alfredo Felipe Tomé disse que o problema não é uma exclusividade de Volpato, que outros produtores estão enfrentando o mesmo problema, e as lavouras estão sucumbindo. “Uma lavoura precisa de chuva, mas também precisa de claridade e sol, principalmente nesta fase de enchimento de grãos. Tem muita soja quase pronta para a colheita e estamos preocupados com esse clima”, afirma Tomé. “

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De acordo com a Embrapa, a antracnose afeta principalmente as plantações de soja nas regiões dos Cerrados. Sob condição de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinação dos grãos em formação. A doença pode causar alta redução do número de vagens, induzir a planta à retenção foliar e haste verde ou gerar até a perda total da produção.

Segundo o técnico agrícola Marcos Adriano Storch, é fácil notar o seu aparecimento já que esta doença ataca não só as folhas, mas também, nos casos mais graves, as vagens. “Começa com o escurecimento da vagem, ela fica negra e começa a cair. Em anos com muitas chuvas, como este, as perdas podem chegar a 50% da produtividade”, explica Storch.

Para ele, a prevenção deve começar bem antes do plantio, na compra das sementes, de uma variedade de semente não suscetível à antracnose, informação que deve vir do fabricante do insumo. “A doença já vem com as sementes. É importante comprar sementes de empresas idôneas, livres de antracnose”, finaliza ele.

O consultor do projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann, dá outra importante dica: fazer a rotação de culturas. “É importante fazer esta rotação para diminuir a pressão da doença. As áreas que tiveram segunda safra de soja podem estar mais propensas ao surgimento da antracnose”, comenta ele.

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