Apenas 30% dos agricultores da região do Vale do Araguaia, em Mato Grosso, compraram insumos para a safra 2019/2020. A maioria estuda novas estratégias, como é o caso do produtor Oldair Sangaletti, que cogita não recorrer a barter — troca de produtos por insumos — desta vez, porque a relação está pouco atrativa. “Hoje não fecha a conta, está quase inviável o plantio. Tudo alto, e o preço da soja baixo”, conta.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Antônio Mello, os agricultores estão com orçamento igual ou menor do que o ano passado. “Os custos estão acima, em reais, dólar ou sacas de soja”, conta.
O presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wisch, explica que a diferença entre preços e custos começou a pesar contra o produtor desde as sementes. “Elas estavam, em média, 10% mais caras do que no ano passado. Tem materiais 20% acima”, afirma.
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Em Nova Xavantina, a aquisição está ainda mais atrasada: só 20% dos produtores concluíram as compras. As péssimas condições das estradas que escoam a safra e a guerra comercial entre China e Estados Unidos agravam as incertezas do setor produtivo.
“Nos outros anos, sementes já tinham sido praticamente todas compradas; defensivos e adubos estavam mais de 50% comprados. Podemos ter até uma redução da área plantada”, conta Endrigo Dalcin, presidente do sindicato local.
As opções, segundo Dalcin, seriam destinar a área para pastagens com cobertura, para quem é pecuarista, ou optar pelo milho, que dá sinais de bons preços. “Os americanos estão tendo um problema sério no plantio. A gente vê que consumo, demanda e exportação brasileira estão acelerados. Existe oportunidade para fazer a rotação de culturas e botar milho verão em algumas áreas”, diz.