Apenas quatro acordos ambientais internacionais assinados depois da Eco-92 tiveram avanços, aponta Pnuma

Metas relacionadas a mudanças climáticas, estoques pesqueiros e processos de desertificação e secas estão entre as que não avançaramApenas quatro de 90 acordos ambientais internacionais assinados depois da Conferência Mundial do Meio Ambiente das Nações Unidas (Eco-92) tiveram avanços significativos. Esse e outros fatos negativos sobre a situação do planeta estão no 5º Panorama Ambiental Global (Geo-5), divulgado nesta quarta, dia 6, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Em 24 das metas acordadas internacionalmente nos últimos 20 anos, nenhum avanço foi registrado, com destaque para as relacionadas a mudanças climáticas, estoques pesqueiros e processos de desertificação e secas.

— Os problemas estão ficando cada vez mais graves e a comunidade internacional não está conseguindo implementar ações necessárias em um ritmo adequado. Existem certas urgências que só podem ser sanadas individualmente. É preciso cooperação e vontade política — disse o diretor executivo do Pnuma e sub-secretário Geral da ONU, Achim Steiner.

As áreas em que as metas foram cumpridas são eliminação da produção e uso de substâncias que destroem a camada de ozônio; eliminação do uso do chumbo em combustíveis; acesso crescente a fontes melhoradas de água e aumento de pesquisas para reduzir a poluição do meio ambiente marinho.

Apesar do panorama sombrio das últimas duas décadas, o estudo identificou alguns avanços nas 40 metas, inclusive na que prevê a expansão de áreas protegidas e esforços para reduzir o desmatamento. O executivo do Pnuma elogiou medidas de sucesso que estão sendo tomadas por algumas nações para conter a devastação dos recursos naturais e o aquecimento global.

— Estudamos centenas de políticas realizadas individualmente por alguns países e descobrimos que muitos conseguiram avançar na proteção do meio-ambiente. O Brasil é um bom exemplo, com a queda gradativa do desmatamento e políticas regulatórias progressivas, de que é possível criar uma economia mais verde — avalia Steiner.

O funcionário da ONU alertou que inúmeras ameaças são desconhecidas pela sociedade por falta de informação e estudos mais aprofundados. Ele deu como exemplo as mais de 90 mil substâncias químicas que circulam na economia moderna, sendo que algumas não possuem nenhum estudo sobre possíveis efeitos colaterais.

— Para muitos desses agentes químicos não há análise científica sobre os impactos na saúde do indivíduo e eles estão sendo comercializados e consumidos pela população — explicou Steiner.

De acordo com o relatório do Pnuma, 90% da amostra de água e peixes do mundo estão contaminados por agrotóxicos.

O estudo mostra também que o crescimento do lixo eletrônico é o preocupante. A produção de lixo eletrônico varia entre 20 e 50 milhões de toneladas por ano em todo o mundo, com o agravante de ser um lixo, na sua maioria, tóxico para o solo e para a vida.