Apesar da chuva, governo argentino mantém estimativa para trigo

Área com o cereal deve chegar a 4,7 milhões de hectaresO Ministério de Agricultura da Argentina mantém sua estimativa de aumento da área de trigo em 2011/12, apesar das chuvas que chegaram a interromper o plantio em diferentes áreas de Buenos Aires, Córdoba e Entre Rios, principais províncias produtoras.

Em seu relatório semanal, o governo informou que a área com o cereal deve chegar a 4,7 milhões de hectares ante os 3,5 milhões de hectares semeados no ciclo anterior. Com dados atualizados até a última quinta, dia 30, os técnicos afirmaram que a implantação da lavoura continua firme. O próximo relatório do Ministério de Agricultura será publicado em 20 de julho.

Fonte técnica do ministério afirmou que as estimativas “são boas para o próximo levantamento”. Os argentinos cultivaram até a semana passada 60% da área destinada ao trigo, segundo o Ministério da Agricultura, o que mostra um atraso de quatro pontos porcentuais em relação à safra de 2010.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção argentina em 15 milhões de toneladas. O governo argentino prevê volume similar, assim como os analistas privados. Em relação à área, algumas consultorias projetam cultivo de até cinco milhões de hectares.

? A área pode ser maior, mas os rendimentos não, e devem girar em torno de 15 milhões de toneladas, como na safra passada. O ponto é que o produtor não tem muito incentivo para plantar trigo e, portanto, não investe em fertilizantes para obter maiores rendimentos ? opinou o analista Gustavo López, da consultoria Agritrend.

Ele explicou que a produção de trigo na Argentina “está sendo estimulada pela soja porque o plantio do cereal após a colheita da oleaginosa beneficia a recuperação da terra”. López disse que os agricultores não têm muitos outros estímulos para o cultivo do trigo.

? Os preços são os únicos que impulsionam o cultivo do cereal e, hoje, ainda que rentáveis não tão atraentes como há dois meses ? detalhou o analista.

Segundo López, “não se deve esperar muitos rendimentos porque não há investimentos suficientes em fertilizantes”.

? Por mais que se expanda a área, o rendimento será o mesmo do ano passado, de 15 milhões de toneladas ? disse.

As bolsas de cereais de Buenos Aires e de Rosario projetam área em torno de 4,95 milhões de hectares com trigo. Conforme relatório da Bolsa de Cereais de Rosario, as regiões de Córdoba, Santa Fe e Sul de Buenos Aires devem sofrer redução de, aproximadamente, 23% na produção de trigo em consequência do atraso na implantação do cereal.

Algumas destas áreas, como o sul de Buenos Aires, têm excesso de umidade, enquanto outras, como em Córdoba e Santa Fe, sofrem com a falta de chuvas. No Sudeste de Córdoba, a retração poderia chegar a 40%.

Milho e soja

Segundo o relatório oficial, as chuvas dispersas no país também atrasaram a colheita de milho da safra argentina 2010/2011, mas nas regiões com clima mais seco a colheita evolui normalmente. A colheita do milho avançou dois pontos porcentuais em relação à semana anterior e chegou a 87% dos 4,34 milhões de hectares cultivados com o cereal. Apesar do avanço, a colheita se encontra quatro pontos porcentuais abaixo do ritmo verificado em igual período da última safra.

A Argentina é o segundo maior exportador mundial de milho, ficando atrás somente dos Estados Unidos, e deve produzir 21,6 milhões de toneladas do cereal na atual safra. Ao contrário do trigo, os analistas explicam que os produtores de milho estão obtendo elevados rendimentos, apesar da forte estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña, que afetou o país nas últimas semanas de dezembro e início de 2011 e provocou incertezas sobre o cultivo.

? Houve maior investimento em fertilizantes para os cultivos de soja e milho ? observou López.