O PIB do agronegócio brasileiro registrou queda de 2,99% em 2023, contrariando as expectativas otimistas impulsionadas pela safra recorde, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (26) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A principal causa da queda do PIB do agronegócio foi a retração generalizada dos preços em todos os setores, impactando culturas como algodão, café, milho, soja e trigo, além de bovinos, aves e leite.
A produção agrícola recorde e o crescimento na produção pecuária e laticínios impulsionaram a demanda por insumos e agrosserviços, compensando parcialmente a queda nos preços.
Pesquisadores do Cepea/CNA ressaltam que, embora o agronegócio estivesse se recuperando no primeiro semestre do ano passado, as quedas consecutivas nos dois últimos trimestres revertem a tendência. No entanto, apesar da queda, o PIB do agronegócio respondeu por 23,8% do PIB nacional.
Desempenho por setores do agronegócio
Segundo CNA e Cepea, o segmento de insumos foi o mais impactado, com queda de 23,57% em 2023 na comparação com o ano anterior, afetado pela queda de preços de fertilizantes, insumos, rações e a menor produção de máquinas agrícolas.
O setor primário teve retração de 1%, enquanto agroindústria e agrosserviços tiveram quedas de 2,05% e 1,31%, respectivamente. Neste contexto, observou-se redução nos preços de vários produtos agropecuários e agroindustriais, afirmam CNA e Cepea.
No entanto, o resultado não foi mais desfavorável em razão das safras agrícolas recordes e da maior produção nos segmentos primário e agroindustrial na pecuária, que puxaram a demanda por agrosserviços.
Agricultura e pecuária
Na avaliação separada por atividade, o PIB agrícola teve queda de 3,26% em 2023 em relação a 2022. Apenas o setor primário (da porteira para dentro) teve resultado positivo, com expansão de 5,11%, beneficiado pela produção recorde e queda dos custos com insumos.
Na pecuária, o PIB caiu 2,3% no ano passado. A produção primária foi a mais afetada, com queda de 10,61%. Mesmo com a redução dos custos e o aumento da produção, a atividade sofreu com a queda dos preços, principalmente de bovinos, aves de corte e leite.