– Tudo depende do clima porque algumas áreas estão alagadas e outras muito secas. Mas a situação não é dramática. Em relação aos preços, a questão é básica: se temos uma colheita muito boa, o preço baixa; se a colheita não for o que esperamos, o preço sobe. Porém insisto, falta muito para saber como o cultivo vai se desenvolver – afirmou o vice-presidente da Associação da Cadeia de soja (Acsoja), Luis Zubizarreta.
O vice-ministro de Agricultura, Lorenzo Basso, foi otimista durante conversa com jornalistas de final de ano. Segundo ele, as chuvas atrasaram o plantio, mas as culturas estão em muito bom estado nas áreas que não estão inundadas, e são as principais. Indagado pela reportagem se o excesso de umidade pode fazer com que áreas de milho sejam ocupadas por soja na Argentina, Basso admitiu.
– É um cultivo mais resistente à umidade.
Ainda assim, ressaltou que os agricultores dispõem de tecnologia para lidar com as doenças decorrentes da umidade.
Zubizarreta concordou com Basso e disse que “pode haver um avanço da soja, mas não muito e somente em algumas regiões”. O diretor da Acsoja, Patricio Gunning, gerente de Assuntos Corporativos da Monsanto, avaliou que a Argentina tem capacidade de manter a área cultivada com soja entre 19 a 20 milhões de hectares e a de milho em torno de quatro milhões de hectares. Em entrevista, ele ponderou que essa relação “não é sustentável” no largo prazo.
– Daqui a 10 anos, o milho deve avançar para uma área entre 6 e 8 milhões de hectares e a soja entre 20 a 22 milhões de hectares – opinou Gunning.
Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a Argentina terá uma colheita recorde de soja, com 55 milhões de toneladas, acima da safra máxima obtida em 2009/2010, de 52,7 milhões de toneladas. Até o momento, conforme dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, já foram implantados 54% dos 19,7 milhões de hectares projetados para a oleaginosa. Para o milho, o USDA recortou sua projeção para 27,5 milhões de toneladas (500 mil t a menos que na estimativa anterior).
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em seu último relatório, estimou que 55% dos 3,4 milhões de hectares da área projetada para o cultivo de milho foram implantados. No início da safra, as estimativas eram de uma produção de 28 milhões de toneladas, mas na terça o diretor executivo da Associação da Cadeia de Milho (Maizar), Martín Franguío, disse que o atraso na implantação do cereal deve provocar uma queda maior na safra, ficando entre 26 a 27 milhões de toneladas.